O Tribunal de Justiça do Acre condenou nesta semana três homens envolvidos na morte do jogador de futebol Tiago Ozeias, crime ocorrido em março de 2024, em Rio Branco. As penas somadas ultrapassam os 70 anos de prisão. O caso chocou a população pela brutalidade e pela motivação fútil do assassinato.
Tiago Ozeias tinha apenas 18 anos e era natural de Pernambuco. Ele havia se mudado para a capital acreana para integrar a equipe juvenil do Santa Cruz Futebol Clube, buscando realizar o sonho de se tornar jogador profissional. Em março do ano passado, foi convidado para uma festa no bairro Santa Inês, onde foi vítima de uma execução sumária promovida por membros de uma facção criminosa.
Segundo o Ministério Público, os criminosos invadiram o local da festa, colocaram os presentes contra a parede e começaram a revistar os celulares das vítimas. No aparelho de Ozeias, encontraram uma foto em que o jovem fazia um gesto com as mãos, interpretado erroneamente como símbolo de uma facção rival. A partir daí, ele e um amigo — também pernambucano — foram levados para fora da festa. O amigo foi liberado, mas Tiago foi executado com oito tiros.
As investigações da Polícia Civil resultaram na prisão de três homens e na apreensão de dois adolescentes diretamente ligados ao crime. Nesta primeira etapa do julgamento, Andrei Borges Melo foi condenado a 24 anos e 8 meses de reclusão; Darcy Fran de Moraes Júnior recebeu pena de 32 anos e 10 meses; e Cauã Christian Nascimento foi sentenciado a 21 anos e 8 meses. Todos devem cumprir as penas em regime fechado.
O processo segue em andamento com novas etapas previstas. Outros três acusados ainda serão julgados, entre eles um homem conhecido como “Abacate”, apontado como liderança da facção no bairro Santa Inês e responsável por ordenar a execução.
A promotoria classificou o crime como bárbaro e destacou que a vítima não tinha qualquer ligação com organizações criminosas. A família de Tiago, que acompanhou o julgamento desde Pernambuco, manifestou profunda dor pela perda do jovem, ressaltando que ele havia vindo ao Acre apenas para tentar realizar um sonho.
Além dos réus adultos, os dois adolescentes envolvidos também foram responsabilizados, cumprindo medidas socioeducativas com prazo máximo de três anos, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ambos já se encontram em liberdade.
O caso, que gerou grande comoção social, expôs a crescente influência de facções criminosas na capital acreana e a vulnerabilidade de jovens diante da violência urbana. Para as autoridades, a condenação representa uma resposta firme do Judiciário à sociedade e às famílias vítimas da criminalidade organizada.
Com informações do repórter Adailson Oliveira, para TV Gazeta.