Cuidado: Você pode estar comprado gato por lebre. Em Rio Branco, garrafas de água mineral estão sendo vendidas nos semáforos com lacre rompido. A procedência da água ainda é desconhecida, mas será alvo de análise da Vigilância Sanitária.
Com a venda de água mineral, Gustavo Abílio sustenta a família. O trabalho dura pouco mais de um ano. Nesse período, ele conquistou a confiança da clientela, a começar pelo cuidado com a higiene da caixa de isopor. Ele também usa o uniforme da empresa onde compra o produto, para que seja identificado mais facilmente. Cada garrafa custa R$ 2,00. Ele afirma que por menos não é viável revender o produto. “O lucro já é pouco e também tenho custos. Trabalho no sol, preciso comprar protetor solar, o material para venda e também a gasolina pra trazer a água”, disse. Mas, nem todo mundo trabalha assim.
Depois de se tornar palco para espetáculo de malabaristas e amostra de trabalho infantil, agora os semáforos do centro de Rio Branco podem ser considerados pontos comerciais para espertalhões. Na hora da sede, dentro do carro, quem não se sente tentado a comprar uma garrafinha de água, geladinha, por apenas R$ 1,00? Mas aqui vai um alerta. Quando você comprar água mineral tome cuidado, por que pode estar bebendo um líquido de fonte desconhecida.
Compramos água mineral do vendedor ambulante Gustavo. O click do lacre confirmou que o produto não foi violado.
Depois de algumas denúncias anônimas, nossa reportagem abordou outro vendedor ambulante. Ele foi identificado como o homem que comercializa água mineral com o lacre rompido nos semáforos de Rio Branco.
Sem nenhuma recusa, Avelino Almeida aceita responder algumas perguntas. Na bicicleta, a placa indica que o ambulante é cadastrado pela coordenação municipal do trabalho e economia solidária. Ele afirma que trabalha há 3 meses vendendo água mineral nos semáforos. Por apenas R$ 1,00 consegue revender cerca de 200 garrafas por dia. “O pessoal aceita bem a água. Tem alguns que compram e depois me dão gorjeta”, conta Almeida. Perguntamos então sobre a procedência da água. “É boa. Eu compro de uma distribuidora”.
Segundo as denúncias de motoristas, o ambulante Avelino comercializa água mineral com o lacre violado. Constatamos a veracidade da informação comprando algumas garrafas. Duas delas entregamos à Vigilância Sanitária, para análise. Outra garrafa utilizamos para fazer o teste da abertura do lacre. A tampa da garrafa é bem apertada, mas num leve giro, a constatação: lacre violado.
Segundo o diretor da Vigilância, Romeu Cordeiro, em até 15 dias, o resultado será divulgado pelo Vigiágua, departamento específico para análise da água. “O procedimento agora será passar para a vigilância epidemiológica fazer a análise microbiológica e fisioquímica da água. O laudo é confeccionado pelo Lacem”, disse.
Assim como nossa reportagem, a vigilância também recebeu denúncias da água com procedência suspeita. “Aconteceu com um funcionário da Vigilância que adquiriu uma garrafa dessa com o lacre estourado”, conta.