O governo do Acre, por meio da Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre) e da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), inaugurou nesta semana um ambulatório exclusivo para o diagnóstico e tratamento da endometriose. A medida representa mais um avanço na política estadual de atenção à saúde da mulher.
A endometriose é uma doença crônica que afeta cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 180 milhões de mulheres no mundo convivem com essa condição, que muitas vezes é subdiagnosticada ou tratada tardiamente.
Um dos principais incentivadores da criação do ambulatório, o secretário de Saúde, Pedro Pascoal, reforçou a importância desse avanço. “O maior objetivo do governo do Estado é cuidar das pessoas, e as mulheres, que são maioria da população e principais usuárias do SUS, precisam receber esse olhar atento. Sentir dores não é normal, e isso precisa ser investigado e tratado, porque a endometriose é uma doença que não tem cura, mas tem tratamento e nós queremos oferecer esse suporte, para que as acreanas tenham melhor qualidade de vida”, afirmou.
Para a presidente da Fundhacre, Sóron Steiner, a criação do ambulatório é um marco importante para o estado. “Com ele, conseguimos oferecer uma linha de cuidado contínua, desde o diagnóstico até o acompanhamento e tratamento, com todo o suporte necessário para que essas mulheres sejam acolhidas com empatia e respeito”, destacou.
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença em que células semelhantes às que revestem o útero (endométrio) crescem em outras partes do corpo, principalmente na região pélvica. Essas células respondem às variações hormonais do ciclo menstrual, podendo causar inflamação, dor e a formação de tecido cicatricial (aderências). É uma das principais doenças que afetam mulheres em idade reprodutiva e pessoas designadas com o sexo feminino ao nascer. No entanto, o diagnóstico e o tratamento ainda enfrentam grandes desafios, devido ao conhecimento limitado sobre suas causas e seu funcionamento.
Os principais sinais e sintomas da endometriose incluem cólicas menstruais intensas que não melhoram com analgésicos comuns, dor pélvica fora do período menstrual, inchaço abdominal antes e durante a menstruação e dor ao evacuar ou alterações intestinais bruscas durante a menstruação (diarreia ou constipação), entre outros.
A ginecologista Fernanda Bardi, que estará à frente do atendimento, enumera alguns dos sinais de alerta da doença. “Se a mulher tem essa dor intensa no período menstrual desde a primeira menstruação dela, se tem dor durante a relação sexual, associada à infertilidade, associada a problema na evacuação durante o período menstrual, deve procurar o posto de saúde e informar para o médico, e o médico vai ver a necessidade de pedir uma ressonância ou um ultrassom, ou já encaminhar para o ambulatório de endometriose da Fundhacre”, orienta a médica.
Como acessar o ambulatório?
Com a implantação do novo ambulatório, as pacientes terão acesso a uma equipe especializada e exames específicos, como ultrassom com preparo intestinal e ressonância magnética, fundamentais para a confirmação do diagnóstico. A triagem e o agendamento são realizados por meio das unidades básicas de saúde, que são a porta de entrada para os atendimentos na Fundação.
“Considerando que a Fundação Hospitalar não é uma unidade porta-aberta, essa paciente deverá ser referenciada da atenção primária através do sistema de regulação. Então, procura a unidade básica de saúde mais perto da sua residência, o posto de saúde, onde deverá ser consultada para uma avaliação médica. Na identificação desses sinais e sintomas, o profissional irá encaminhar a paciente à média complexidade, acessando assim o ambulatório dos nossos ginecologistas da Fundação Hospitalar”, explicou a presidente da Fundhacre.
A iniciativa reforça o compromisso do governo estadual de ampliar o acesso à saúde especializada, com atenção voltada às necessidades reais da população. “Seguimos firmes no nosso propósito: levar saúde para mais perto das pessoas. E isso inclui garantir dignidade e cuidado para todas as mulheres que convivem com essa condição”, reforçou Soron.