O Ministério Público Federal (MPF) entrou com pedido na Justiça Federal para que seja executada a sentença do processo envolvendo a deputada federal Antônia Lúcia (Republicanos) e a filha dela, Milena Ramos. As duas foram condenadas a devolver todo o dinheiro que utilizaram com recursos públicos para pagar irregularmente um assessor parlamentar, mais a multa pelo período em que esse trabalhador foi contratado.
Além disso, tiveram ainda a suspensão dos direitos políticos por dez anos. A denúncia de 2015, quando Antônia Lúcia estava no seu primeiro mandato de deputada federal pelo Acre, consta que entre fevereiro de 2011 e novembro de 2012, ela nomeou Madson de Paula Barbosa para o cargo de Secretário Parlamentar de seu gabinete em Brasília. Em contrapartida, ele na verdade prestava serviços exclusivamente à Rádio Boas Novas, em Feijó, no Acre, que está em nome de Milena Ramos, filha da deputada. Quando demitido, o trabalhador foi buscar sua rescisão e, segundo ele, só aí descobriu que era pago com recursos públicos no gabinete da deputada, um valor que ultrapassa os 300 mil reais.
Quando o MPF fez a investigação, descobriu que Barbosa, era lotado como assessor parlamentar no gabinete em Brasília, mas o salário que ele recebia era de verbas federais. O então “Secretário Parlamentar”, era apresentado pela deputada, como se trabalhasse em seu gabinete todos os dias na capital federal. Em dezembro do ano passado, a deputada e a filha foram condenadas. Seis meses após a decisão do juiz federal, o MPF quer execução da sentença.
Em tese, Antônia Lúcia, que ainda pode recorrer da decisão, não pode ser candidata na próxima eleição, quando deve tentar a reeleição em seu segundo mandato. A filha, Milena Ramos, também foi candidata para a deputada distrital em Brasília. Não se elegeu, mas ganhou uma secretaria, a de enfrentamento à violência contra a mulher, onde já foi demitida. Em 2020, Milena ficou famosa quando realizou uma festa em sua casa em Brasília, quando o Brasil já alcançava um milhão de infectados por coronavírus.
Em nota, a deputada disse que a denúncia é fruto de vingança do funcionário, que causou prejuízos ao seu mandato à época: “Este processo envolve a demissão de um funcionário que, durante seu período de trabalho, cometeu erros graves, causando prejuízos imensuráveis ao meu mandato à época. Insatisfeito com a demissão, que é um direito legítimo do parlamentar, este indivíduo resolveu propagar calúnias com o intuito de me prejudicar”, expõe.
Relata que a manifestação do Ministério Público foi pelo arquivamento, “O parecer técnico e a manifestação do Ministério Público Federal, emitidos em 20/06/2024, determinaram o arquivamento do caso, considerando as provas apresentadas nulas e incapazes de comprovar a veracidade das alegações”, diz. Mas o parecer do MPF mostra o contrário, ele quer a execução da sentença.
Ainda na nota, relatou vícios e equívocos no processo e que existe uma perseguição política e pede que o denunciante devolva o dinheiro que recebeu quando exercia o cargo de assessor: “Dá para notar a clara perseguição política, especialmente pela condenação injusta. A condenação proferida foi equivocada e injusta, baseada em provas insuficientes que não consideraram todos os aspectos envolvidos. Vale ressaltar que o funcionário comissionado também exerceu o cargo e recebeu dinheiro público, devendo, portanto, ser responsabilizado igualmente”, relata.
A justiça deve se manifestar nos próximos dias quanto ao pedido do MPF. E como na época da denúncia ela não era deputada, não tem foro privilegiado.
Nota de Esclarecimento Antônia Lúcia