A arte é algo essencialmente humano, não importando sua origem, história, região ou condições sociais. Quando ela se mostra como necessidade, o então “ser artista” sempre encontra maneiras de expressar-se por meio dela. Este caminho ou percurso artístico não deve ignorar a sua realidade, mas entendê-la e não permitir que isso o limite enquanto criador.
Não se deve, obviamente, usar a mesma medida ao analisar esses caminhos em todos os meios sociais; afinal, existem ambientes muito mais possibilitadores do que outros, que podem influenciar tanto na questão da escolha da continuidade nas artes quanto na sua estética e no que será utilizado na construção do seu discurso visual.
Desta maneira, podemos nos impulsionar no pensamento: a arte seria, além de uma forma de se expressar, uma maneira de resistência social?
Acredito, inegavelmente, que sim; afinal, a arte encontra-se (de maneira geral) dentro de uma realidade elitista, criando, por vezes, um ideal que a arte seja algo limitado apenas a quem pode arcar com os melhores materiais, melhores cursos e que pode também sacrificar seu tempo para a criação artística. Com isso, essa parte naturalmente humana, presente no habitual desde o início dos tempos, acaba mostrando-se desconectada de certas realidades, que, por consequência, fazem crer que seja natural o seu distanciamento das artes.
Uma das alternativas usadas por muitos artistas é a utilização de materiais alternativos, não só como meio de expressão, mas também como uma forma de continuidade em seu caminho. Neste pensamento, a utilização de materiais de baixo custo surge também como uma opção bastante viável para se alcançar a construção de suas obras, sendo a arte algo dinâmico que pode ser cada vez mais reinventada, com suas nuances adaptadas à visão e ao meio social do artista, sendo também parte do processo emancipatório e identitário do artista.
Desta forma, podemos entender que, assim como as artes, o artista deve ser dinâmico e adaptável, não só com idealismo, mas também material e criativamente, agindo, como anteriormente citado, como resistência ao momento em que a arte se mostra distante de seu ambiente.
Refletindo sobre isso, podemos concluir que é preciso, então, naturalizar a arte no contexto marginal, não incluindo apenas a urbana, também percebida como um exemplo de resistência, mas não limitando a esta única esfera, tomando também os espaços de arte, até então, distanciados dos artistas periféricos.
José Lucas da Costa Costa é licenciando em História pela Universidade Federal do Acre (Ufac)e natural de Rio Branco. Realiza ações pelo Pró-Cultura Estudantil- PROCE da Universidade Federal do Acre. Artista autodidata e membro artístico do Coletivo Artístico Errantes