Novas políticas de saúde devem elevar esse índice
Recente pesquisa mostra que no Brasil, mais da metade dos partos são cesarianas. No Acre, nos últimos meses, na maior maternidade do Estado, cerca de 55% dos nascimentos foram através do parto normal. Mesmo com pouca diferença do cenário nacional, o procedimento não cirúrgico é incentivado no Estado e novas políticas de saúde devem elevar esse índice.
Deuzinete Barros deu a luz ao quinto filho, na madrugada desta segunda-feira (02). A menina de 3 kg e 900 gramas nasceu de parto normal, na Maternidade Bárbara Heliodora. “Eu tomei um susto por que a nenê é meio grande. Mas as enfermeiras me acalmaram e deu tudo certo”, disse a mulher que teve todos os filhos de parto normal.
A Organização Mundial da Saúde preconiza que no máximo 15% dos partos sejam cesarianas. No Brasil, o índice é de 52%, e chega a 88% na rede privada. Os dados são de uma pesquisa inédita, a Nascer Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, feita pela Fudação Oswaldo Cruz e o Ministério da Saúde.
Na Maternidade de Rio Branco, segundo levantamento, de janeiro a maio deste ano, foram realizados 1053 partos normais e 853 cesarianas. Em índice, o parto normal responde a 55% dos procedimentos. Uma equipe de enfermeiros obstetras do Estado passaram recentemente por treinamento. É uma proposta nova do Ministério da Saúde de capacitar para incentivar o parto normal em todo país.
Atualmente os partos normais realizados na Maternidade Bárbara Heliodora acontecem numa sala onde estão disponíveis apenas três leitos. As camas são separadas por cortinas e essa condição oferece várias desvantagens à gestante. A principal delas é que o ambiente tira a privacidade e consequentemente a mulher não consegue reagir aos estímulos necessários para a realização do parto.
No entanto, uma nova ala para o pré-parto, parto e pós parto está em reforma e deve ser concluída em até quatro meses. As obras visam ampliar o espaço e oferecer mais comodidade às parturientes. Estão sendo construídos três banheiros e seis leitos, sendo um com banheira.
Segundo a enfermeira obstetra Elisangela Holanda, o Ministério da Saúde está investindo mais, para incentivar o parto normal. Ela explica que benefícios o novo ambiente em construção vai proporcionar às gestantes. “Os apartamentos serão separados e vão proporcionar um ambiente acolhedor para as mulheres. Elas vão poder escolher um acompanhante. Com isso vai facilitar o trabalho de parto”, disse.
Francisca da Silva e Adacildes Santos esperam o primeiro filho. Casados há 15 anos, eles já tinham perdido as esperanças de ter um bebê, mas Deus quis surpreendê-las. Francisca tem 39 anos e já está bem preparada quanto as condições físicas e psicológicas para o nascimento. O parto, segundo ela, tem tudo pra ser normal. “O médico disse que apesar da minha idade, sou saudável e tenho tudo pra ter parto normal. Já fiz cirurgia e sei o quanto é difícil a recuperação. Por isso prefiro o parto normal”.