Por João Cardoso para o Agazeta.net
A aclamada série de ficção científica Black Mirror, lançada em 2011 pela Netflix e criada por Charlie Brooker, lançou sua sexta temporada no mês de junho deste ano. Com episódios que variam de 40 a 50 minutos de envolvimento, o roteiro traz uma visão crítica e inovadora em todas as temporadas, abordando principalmente o uso e avanço das novas tecnologias.
Sendo cada episódio uma história diferente, a trama faz com que haja uma reflexão a respeito dos males que estamos lidando com o advento de novas ferramenta digitais, como por exemplo a inteligência artificial. Em sua maioria de episódios, há detalhes que permanecem durante todo o enredo, sendo um deles o uso excessivo de smartphones, internet, e redes sociais.
Apesar de todos os detalhes acima parecerem comuns, a realidade da série tende a ser um pouco diferente. A obra traz uma sensação de incômodo intenso, uma vez que alguns dos personagens apresentados são escravos do consumo, espectadores das desgraças alheias e “haters” escondidos por trás de uma tela, ou seja: algo que infelizmente estamos acostumados a vivenciar.
A série não precisa ser vista em sequência, já que seus episódios não têm ligação histórica um com o outro, vale lembrar também que a classificação indicativa é de 18 anos. O universo violento e insano traz fatos como traição, inveja, assassinatos e até mesmo zoofilia.
O primeiro episódio da terceira temporada chamado “Nosediv” é uma boa escolha para entender um pouco da temática da série. A protagonista da história é a jovem Lacie, que vive em um cenário futurístico em que as redes sociais são a principal ferramenta para avaliação das pessoas.
Nesse sentido, as curtidas em acontecimentos da vida de alguém definem a posição delas na sociedade: quem tem mais curtidas tem um espaço de glamour e prestígio com as pessoas, enquanto os que tem menos curtidas são vistos como repulsivos e acabam sendo rejeitados para sempre se não mudarem de posição. Lacie é apresentada como alguém que recebe muitas curtidas, e no decorrer do episódio vai perdendo cada vez mais seguidores, até se tornar uma pessoa completamente invisível aos olhos dos outros.
Os fatos por trás de Black Mirror são aterrorizantes. Mas não são só assustadores por conta da violência, sangue, e suspense, mas também porque há um ambiente caótico que beira a nossa realidade. O diretor Charlie Brooker faz um gol, ao tecer críticas não só às novas ferramentas digitais, mas também o modo como são usadas no nosso dia a dia. O limite ético de cada um é testado diariamente com o poder das tecnologias na palma da mão, isto é, podemos trabalhar, compartilhar histórias e até mesmo arruinar vidas se optarmos por isso, o grande dilema é a escolha que vamos fazer no modo de como usar as novas artificialidades.
Black Mirror é sem dúvidas uma das maiores produções que faz críticas à era digital, o terror psicológico despertado em quem a assiste, sendo o retrato de uma identificação de acontecimentos que beiram a nossa preocupante realidade em meio às novas formas de se relacionar no mundo digitalizado.
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João Cardoso é acadêmico do sexto período de jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac), além disso, ele é estagiário de produção da TV Gazeta.