Nos últimos anos, temos visto uma diminuição da prática do blackface não só nos carnavais, mas também nas práticas pedagógicas de professores nas escolas. Isso é resultado de políticas públicas de conscientização da população, como os folders informativos produzidos pelo Ministério dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, no ano de 2018.
Mas o que é o blackface e por que sua prática é racista?
O blackface surgiu nos Estados Unidos, na década de 60, e se resumia a caracterização de atores brancos para interpretar personagens negros de maneira estereotipada e avacalhada, para isso eles pintavam a pele com tinta preta, utilizavam adereços para deixar os lábios mais grossos e arregalavam os olhos. Isso porque a arte da interpretação não era para cidadãos de segunda categoria, inferiores, leia-se negros. Essas atuações se popularizaram nos formatos de Minstrels Shows e depois em filmes.
Importante acrescentar que as representações dos personagens negros sempre ficam restritas aos seguintes estereótipos: o negro perigoso/violento, o negro preguiçoso/vagabundo, negro hipersexualizado/lascivo, o negro chacota/engraçado.
Alguns desses estereótipos vão se alterando durante o tempo, surgem outros novos estereótipos sobre esse mesmo grupo; todos são incorporados ao nosso subconsciente e reforçados pelas mídias e outros mecanismos de poder, levando ao ponto de, ao ver uma pessoa negra, buscarmos enquadrá-los nesses “tipos de negros”.
O problema desses estereótipos é que eles são meias verdades, como afirma a escritora nigeriana Chimamanda Adchie. São definidos tipos de humanos para essencializar os seres, classificando-os em padrões e, no caso da população negra, os estereótipos são sempre negativos.
A prática blackface foi incorporada, no Brasil, de outras formas, mas não há dúvidas de suas estruturas racistas. Uma delas como já foi citado é seu uso como fantasia, não só no carnaval, mas também como prática pedagógica de professores, como exemplificam as imagens abaixo:
Assim, a continuidade de políticas públicas de promoção de igualdade racial nos mais diversificados setores é essencial, para que práticas como o blackface parem de acontecer, uma vez que a desinformação pode gerar práticas racistas!
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REFERÊNCIAS:
SILVA, Andressa Queiroz da; ROCHA, Flávia Rodrigues Lima da; MARTINS, Wálisson Clister Lima. O uso do blackface como prática pedagógica nos anos iniciais da Educação Básica. Trab. linguist. apl. 61 (1). Jan-Apr, 2022. https://doi.org/10.1590/010318139574111520210312