Com a proximidade do Carnaval, período marcado por celebrações e aumento da exposição a situações de risco, especialistas reforçam a importância da prevenção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Jozadaque da Silva Bezerra, coordenador estadual do Núcleo de ISTs no Acre, destacou a necessidade de conscientização da população sobre os métodos preventivos disponíveis, como o uso de preservativos e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
“Queremos relembrar a população da importância da prevenção e dos cuidados que devemos ter em relação às ISTs, especialmente no período carnavalesco, quando há maior exposição a situações de risco”, afirma o coordenador.
Ele ressaltou que, além da camisinha, que é o método mais acessível e eficaz, a PrEP é uma alternativa importante para prevenir o HIV. No Brasil, mais de 100 mil pessoas já fazem uso da PrEP, sendo aproximadamente 200 no estado do Acre.
A PrEP consiste em comprimidos que devem ser tomados por pessoas que não têm HIV, mas que desejam se proteger contra o vírus. Bezerra orienta que a população busque informações sobre o método nas Unidades de Referência em Assistência à Saúde (URAPs) e utilize preservativos, que são distribuídos gratuitamente em unidades básicas de saúde.
“O Carnaval é um momento de diversão, mas precisamos ter responsabilidade. O uso de preservativos é essencial para evitar o aumento de casos de ISTs”, destaca o coordenador.
Ele também mencionou a criação de um comitê na Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), em parceria com outros departamentos, para capacitar profissionais de saúde municipais e realizar buscas ativas de pessoas que abandonaram o tratamento contra o HIV. Atualmente, cerca de 405 pessoas no estado interromperam o tratamento, segundo dados do sistema de monitoramento do Ministério da Saúde.
PEP e PrEP: diferenças e importância
Edna Gonçalves, gerente do Serviço de Atendimento Especializado, explicou a diferença entre a PrEP e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Enquanto a PrEP é indicada para prevenção contínua do HIV, a PEP é uma medida de emergência para quem teve relação sexual desprotegida e deve ser iniciada em até 72 horas após a exposição ao risco.
“Quanto mais rápido a pessoa iniciar a PEP, maior a eficácia. Após 72 horas, o método não funciona mais”, explica a gerente.
Ela também destacou que o preservativo, tanto masculino quanto feminino, continua sendo o método mais eficaz para prevenir não apenas o HIV, mas também outras ISTs, como sífilis, gonorreia e clamídia.
“Temos preservativos disponíveis em vários pontos da unidade de saúde, e o paciente pode pegar gratuitamente”, afirma.
Aumento de casos entre jovens
O médico infectologista Igor Leão alertou para o aumento de casos de ISTs entre jovens, especialmente durante o Carnaval. Ele ressaltou que, além do HIV, outras doenças como sífilis, gonorreia, clamídia e herpes genital podem ser transmitidas por contato sexual desprotegido.
“Percebemos que muitos jovens, tanto heterossexuais quanto homossexuais , estão buscando a PrEP e outros métodos de prevenção. No entanto, ainda há muita desinformação sobre os riscos das ISTs. O preservativo é o método mais eficaz para prevenir uma ampla gama de ISTs. A PrEP protege especificamente contra o HIV, mas não contra outras infecções”, explica.
O médico também mencionou estudos em andamento sobre novas formas de prevenção, como injeções de longa duração para o HIV, mas reforçou que, por enquanto, o preservativo e a PrEP são as principais ferramentas disponíveis.
Busca ativa e conscientização
O Núcleo de ISTs do Acre realiza um levantamento de óbitos por HIV e Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) ocorridos em 2024, com o objetivo de investigar as causas e evitar novos casos. Além disso, o comitê formado pela Secretaria de Saúde planeja capacitar profissionais de saúde municipais para realizar buscas ativas de pacientes que abandonaram o tratamento.
“Queremos entender por que pacientes jovens estão chegando a óbito por doenças que podem ser controladas com tratamento adequado. Esperamos que, após o Carnaval, possamos iniciar essas ações e reduzir ainda mais os casos de ISTs no estado”, conclui o coordenador Bezerra.
Estagiário supervisionado por Gisele Almeida
Com produção de Natália Lindoso e a Repórter Wanessa Souza