Durante participação no programa Gazeta Entrevista, da TV Gazeta, nesta segunda-feira, 17, a procuradora de Justiça do Acre, Patrícia Rêgo, afirmou que, de 2018 até agora, cerca de 90% das mulheres vítimas de feminicídio no Estado não tinham medida protetiva.
Segundo Rêgo, em regra, as figuras femininas que moram no Acre não procuram ajuda na rede de proteção disponibilizada pelo Estado, em locais como delegacias, Ministério Público do Acre (MPAC) ou Defesoria Pública (DPE).
“As mulheres que morrem aqui no Acre, em regra, são mulheres que não procuraram ajuda. Que não foram procurar na rede de proteção, nem no sistema de segurança pública. Não foram ao Ministério Público, não foram à Defensoria Pública, não pediram a medida protetiva”, destaca a procuradora.
Patrícia Rêgo deixa claro que, mesmo com a medida protetiva, mulheres já foram vítimas de feminicídio, porém, não é regra. A regra observada pelo dados diz que 90% dessas vítimas não haviam solicitado a proteção do Estado.
“Se a gente olhar para essas mulheres que morreram no Acre vítimas de feminicídio, de 2018 para cá, 90% delas não tinham medida protetiva, só 10% tinham. A regra é que as mulheres que morrem são aquelas que não têm medidida protetiva”, ressalta.
A procuradora salienta, ainda, que o feminicídio não acontece de forma repentina, pois existem uma sequência de acontecimentos anteriores ao crime, que inicia com a violência psicológica, seguida por insultos, depois a agressão e, por fim, a morte da vítima.
“O feminicídio não é um ponto fora da curva. A mulher vítima de feminicídio já vem sofrendo lá de trás, porque aí começa com a violência psicológica, os insultos, o controle do corpo, da vida, a violência patrimonial. E aí começa a agressão, um empurrão, um tapa, um chute e chega a matar. Funciona assim”, afirma.