Em quatro meses, o Hospital das Clínicas realizou cinco cirurgias de cura da epilepsia em Rio Branco. Segundo a Secretaria de Saúde (Sesacre), apenas sete estados brasileiros realizam o procedimento.
Benedito Cavalcante se emociona ao lembrar-se do médico que lhe trouxe uma nova expectativa de vida. “Não tenho nem palavras pra dizer”, disse, emocionado. Aos seis anos, a família descobriu que ele tinha epilepsia.
Os transtornos com a doença eram constantes, causavam acidentes e até ameaçavam a vida do paciente. “Teve uma vez que eu fiquei desmaiado debaixo d’água. Era muito triste, a memória era muito fraca, por causa dos remédios”, relembrou Benedito.
Raimundo Cavalcante, pai do paciente, explica que ele exigia total atenção. “Era de 10 a 12 ataques por dia. Tinha vezes que eram de meia em meia hora”, explica.
No mês de abril deste ano, Benedito passou por uma cirurgia. Depois de 9 horas de operação, uma nova vida começou para pai e filho. O pai acredita que a família restaurou a alegria de viver e o filho afirma que nasceu de novo. “Uma vida nova, renovada. Nenhum dinheiro no mundo paga isso”, afirma o paciente.
Benedito foi uma das cinco pessoas que passaram pela cirurgia de cura da epilepsia, realizada no Hospital das Clínicas de Rio Branco. A secretária de Estado de Saúde, Suely Melo, explica que as operações foram bem sucedidas.
“Três pacientes afirmaram que não tem mais ataque epilético e os outros dois ficaram com um leve distúrbio na mão direita. Mas, concluímos que se não curar 100%, traz qualidade de vida aos pacientes”, disse.
A cirurgia é indicada para pacientes cujos sintomas não são controlados com medicamentos. O procedimento cirúrgico consiste na remoção de um ponto do cérebro responsável pela anomalia.
Aproximadamente 7 mil pessoas no Acre sofrem com o distúrbio neurológico. Desse total, cerca de 30% são indicados para cirurgia. Na rede privada de saúde, o procedimento pode custar até R$ 150 mil.
O Acre se tornou o primeiro estado da região Norte a realizar cirurgia de cura de epilepsia. De acordo com a secretária Suely Melo, não existe um cronograma de operações a serem realizadas, porque os pacientes com a doença precisam de indicação médica para passar pelo procedimento.