ESCRAVIZAR, NEM DE BRINCADEIRA!
“Gente, sou negra e celebro com orgulho a minha raça desde quando não era “elegante” ser negro nesse país. Quando preto não usava o elevador dos “patrões”. Quando pretos motorneiros dos bondes eram substituídos por brancos em festividades com a presença de autoridades de pele branca. Da época em que jogadores de um clube carioca passavam pô de arroz no rosto para entrarem em campo, já que não “pegava bem” ter a pele escura. Desde que os garçons de um famoso hotel carioca não atendiam pretos no restaurante. Éramos invisíveis. Celebro minha raça desde o tempo em que gravadoras não davam coquetel de lançamento para os “discos dos pretos”. Celebro minha origem ancestral desde que “música de preto” era definição de estilo musical. Grito pelo meu povo desde a época em que se um homem famoso se separasse de sua mulher para ficar com uma negra, essa ganhava o “título” de vagabunda, mas não acontecia se próxima tivesse a pele “clara”. Sou bisneta de escrava, neta de escrava forra e minha mãe conhecia na fonte as histórias sobre o flagelo do povo negro. Protesto pelos direitos da minha raça desde que preta não entrava na sala das sinhás. Gente, essas feridas todas eu carreguei na alma e trago as cicatrizes. A maioria do povo negro brasileiro. Feridas que não se curaram e são cutucadas para mantê-las abertas demonstrando que “lugar de preto é nessa Senzala moderna”, disfarçada, à espreita, como se vigiasse nosso povo. Povo que descende em sua maioria dos negros que colonizaram e construíram o nosso país. Hoje li sobre mais uma “cutucada” na ferida aberta do Brasil Colônia. Não faço juízo de valor sobre quem errou ou se teve intenção de errar. Faço um alerta! Quer ser elegante? Pense no quanto pode machucar o próximo, sua memória, os flagelos do seu povo, ao escolher um tema para “enfeitar” um momento feliz da vida. Felicidade às custas do constrangimento do próximo, seja ele de qual raça for, não é felicidade, é dor. O limite é tênue. Elegância é ponderar, por mais inocente que sua ação pareça. A carne mais barata do mercado FOI a carne negra e agora NÃO é mais. Gritaremos isso pra quem não compreendeu ainda. Escravizar, nem de brincadeira.” (Elza Soares, em resposta à polêmica festa dos 50 anos da diretora da revista Vogue – Brasil – Donata Meirelles)
Cine Teatro Recreio recebe a estreia do documentário “Fevereiros” de Márcio Debellian… O imperdível filme, retrata a religiosidade, dramaticidade, particularidade e as facetas bastante específica da cantora Maria Bethânia, iniciando a sua jornada por Santo Amaro, sua cidade-natal, com referências da infância que vão do catolicismo ao candomblé, passando pela musicalidade. O documentário foi responsável por registrar a vitória da escola de samba carioca Estação Primeira de Mangueira em 2016, que teve um enredo homenageando a cantora baiana, além das filmagens da escola e os preparativos do barracão, o filme conta com depoimentos de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico Buarque, Leandro Vieira (carnavalesco da Mangueira), Luiz Antonio Simas (historiador), Mabel Velloso (poeta) e Squel Jorgea (porta-bandeira da Mangueira). A estreia em nossa Rio Branco será no próximo dia 21 às 19h30, continuando de terça à sexta-feira e domingo às 19h30 e no sábado às 18horas. Imperdível!
Na quarta-feira (13), os proprietários do Empório Paulista, Luiz Carlos Negrisoli, Cláudia Verissimo e Nathália Saboia, ofereceram um coquetel para anunciar o novo cardápio. Confira sob as lentes de Talita Carvalho!
A matriarca Dinah Araújo Rodrigues, mãe da querida amiga, procuradora de justiça Kátia Rejane, celebrou na sexta-feira (15) seus 80 anos com festa requintada no Afa Jardim. Felicito de forma especial a grande dama da nossa sociedade!