Joycilene Souza de Araújo, de 41 anos, conhecida como Joyce, morreu no dia 17 de novembro, uma semana após ingerir dezenas de medicamentos controlados. A família acusa o namorado da vítima, Tiago Augusto Sampaio Borges, de 42 anos, de ser o responsável pela morte direta de Joyce. O caso tem gerado grande repercussão em Rio Branco, especialmente após a irmã da vítima, Jaqueline Souza, trazer à tona detalhes alarmantes sobre a relação conturbada e abusiva que a irmã manteve por cerca de 10 meses.
Jaqueline Souza descreve a relação entre Joyce e Tiago como uma sequência de manipulações, extorsões financeiras e torturas psicológicas. “Não existe o crime de feminicídio psicológico na legislação, mas ele precisa ser reconhecido pelas jurisprudências. Tenho mais de 5 mil páginas de conversas, além de comprovantes de transferências bancárias que vão de R$10 a R$23 mil”, afirmou.
Joyce teria sido constantemente humilhada e pressionada por Tiago, que alternava insultos com pedidos de dinheiro. Entre as ofensas relatadas, ele a chamava de “demoníaca” e “louca”. Joyce chegou a contrair empréstimos e utilizar o limite de cartões de crédito para atender às exigências do namorado. Até um carro foi comprado para ele.
Em uma das últimas mensagens enviadas por Joyce, ela escreveu: “Não tenho mais vida, não. Você destruiu. Vai deixar dois filhos sem mãe e uma mãe sem filha”. A família também relata que Tiago teria assediado Maria Eduarda, de 19 anos, filha de Joyce. No dia 4 de outubro, enquanto hospedado na casa da vítima, ele mostrou imagens impróprias para a jovem em seu celular. Após o incidente, Maria Eduarda expulsou Tiago do quarto e relatou o caso à mãe e à tia.
De acordo com Jaqueline, a irmã enviou mensagens de despedida a familiares e amigos antes de ingerir cerca de 70 comprimidos. Mesmo após Joyce demonstrar desespero, Tiago teria continuado a enviar mensagens acusatórias, dizendo que ela desviava recursos do trabalho e que seria presa.
A Polícia Civil do Acre informou que três boletins de ocorrência foram registrados sobre o caso. As investigações estão sendo conduzidas pela Delegacia da Mulher. O delegado Nilton Boscaro destacou que a polícia trabalha para apurar todos os fatos e responsabilizar os envolvidos.
Enquanto isso, Jaqueline e outros familiares clamam por justiça. “Espero que esse caso seja analisado com o mesmo rigor que nós, como família, estamos investigando.”
Canais de Ajuda
A denúncia e o rompimento do ciclo de violência são passos desafiadores, mas necessários, que demandam suporte de familiares, amigos e instituições especializadas. O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190.
Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Com informações do repórter Marilson Maia