O estado do Acre enfrenta um cenário preocupante no campo da saúde pública. De acordo com o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SESACRE), 872 internações por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) foram registradas até a 18ª semana epidemiológica de 2025. Diante do aumento expressivo dos casos, o governo estadual decretou situação de emergência em saúde pública no último sábado, 10 de maio.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no Acre, Renata Quiles, destaca que a elevação nas internações está relacionada à circulação simultânea de diversos vírus respiratórios. “Grande parte dessas doenças poderiam ser evitadas por meio da vacinação. Não temos ainda vacina disponível no SUS para o vírus sincicial respiratório (VSR), mas ele não é o único vírus presente nas nossas unidades. Outros agentes também estão provocando adoecimentos e internações”, ressalta Quiles.
O VSR é apontado como um dos vírus mais preocupantes atualmente, sobretudo pela ausência de vacina no sistema público de saúde. Segundo a coordenadora, o imunizante contra o VSR deverá ser incorporado ao SUS apenas no final de 2026, inicialmente destinado apenas a gestantes e dentro de critérios específicos. Diante disso, a especialista reforça a importância das vacinas já disponíveis, como as contra a Covid-19, Influenza e pneumocócicas, esta última em três versões: pneumo 10 (crianças até 5 anos), pneumo 13 (pessoas com comorbidades) e pneumo 23 (idosos).
Além da capital Rio Branco, que já enfrenta superlotação nos leitos de UTI pediátrica, municípios como Cruzeiro do Sul e Brasileia também apresentam aumento nas internações. A coordenadora de Vigilância em Saúde de Rio Branco, Socorro Martins, destacou que o município tem adotado medidas emergenciais, reforçando as equipes nas unidades básicas de saúde. “Temos médicos, enfermeiros e técnicos capacitados para atender principalmente crianças e idosos, que são os mais atingidos neste momento”, informa.
A Prefeitura de Rio Branco também iniciou campanhas de vacinação dentro das escolas, priorizando alunos menores de 15 anos, com destaque para crianças pequenas de 1 a 3 anos. A medida visa aumentar a cobertura vacinal e reduzir a circulação dos vírus da Influenza tipo A e B, que estão em circulação no estado.
Em complemento às vacinas, autoridades reforçam a importância da manutenção de medidas preventivas adotadas durante a pandemia da Covid-19, como o uso de máscaras em locais fechados ou de aglomeração e a constante higienização das mãos. “O uso da máscara ainda é uma solução preventiva eficiente, principalmente para quem apresenta sintomas gripais ou acompanha alguém doente em unidades de saúde”, reforça Socorro Martins.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Marilson Maia, para TV Gazeta.