Agências de turismo do Peru fazem pacotes para conhecer “isolados”
Acontece em Rio Branco um encontro entre entidades e organizações ligadas à defesa dos povos indígenas para tratar do monitoramento e proteção dos índios isolados na fronteira do Brasil com o Peru”.
Há cerca de 45 dias, servidores da Funai registraram através da câmera de um celular, o primeiro contato de indígenas ashaninka com um grupo de índios isolados. O fato histórico aconteceu no alto rio Envira, no Acre, região de fronteira com o Peru.
As imagens foram mostradas em todo mundo, mas trouxeram grande preocupação para as Ong’s e entidades de proteção dos povos indígenas. A Comissão Pró Índio do Acre (CPI) e Pró Purus, do Peru, estão reunidas em Rio Branco, com outras instituições governamentais, para discutir o assunto.
Uma das propostas do encontro é fazer o monitoramento georreferenciado dos indígenas isolados na região de fronteira entre o Brasil e o Peru. “A ideia é construir ferramentas, como mapas e dados geográficos que ajudem a ter uma visão mais ampla da localização das idas e vindas desses grupos e que isso possa subsidiar planos de proteção”, disse a representante da CPI, Malu Ochoa.
O grupo de trabalho discute ainda estratégias de proteção aos índios isolados e as ameaças sobre seus territórios. Segundo um dos representantes da Ong do Peru, Francisco Estremadoyro, a extração de madeira, a chegada de missionários e o narcotráfico estariam afugentando esses povos.
Outra preocupação está no turismo peruano. Algumas agências estariam vendendo pacotes para os turistas conhecerem os indígenas isolados. “Protejamos o território, cuidemos do sítio que vivem, nãos busquemos esse contato. Deixemos eles tranquilos. Esse é o melhor aporte que podemos dar para eles”, aconselha Estremadoyro.