Um acidente doméstico na noite da última quinta-feira (16) envolvendo Nicolas, de apenas 11 meses, trouxe à tona preocupações sobre os protocolos de atendimento em unidades de saúde do Acre. O caso ocorreu na zona rural da Vila Caquetá, onde o menino sofreu um acidente doméstico após uma panela com brigadeiro quente virar sobre o rosto.
Devido à dificuldade de comunicação na área rural, o avô da criança, com ajuda de vizinhos, decidiu levá-lo por meios próprios ao Hospital Ary Rodrigues, em Senador Guiomard, onde chegou por volta das 18h. Apesar das queimaduras graves no rosto e na região próxima à garganta, o menino foi inicialmente estabilizado. No entanto, horas depois, o quadro clínico piorou, e a equipe médica identificou a necessidade de intubação devido a complicações respiratórias causadas pelas queimaduras internas.
Foi então solicitada a transferência ao Pronto-Socorro de Rio Branco. A ambulância básica enviada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizou o transporte, mas, segundo relatos, a transferência não foi acompanhada por uma equipe avançada para realizar a intubação durante o trajeto, o que gerou críticas e dúvidas sobre o atendimento prestado.
Já no Pronto-Socorro, o estado do garoto se encontrava crítico, e a equipe médica local pediu apoio à doutora Nádia, pediatra intensivista do Samu. Conforme informações, a médica decidiu ir ao hospital para auxiliar, mas enfrentou resistência do enfermeiro, que alegou que o protocolo do Samu não previa tal deslocamento sem regulação oficial. Houve, então, uma discussão entre os membros da equipe do Samu. Apesar disso, a doutora decidiu assumir o risco e foi ao local utilizando o próprio veículo. No entanto, ao chegar, Nícolas havia falecido.
A família de Nícolas registrou um boletim de ocorrência contra as instituições de saúde envolvidas, alegando negligência no atendimento. Segundo a mãe da criança, ele estava bem e brincava antes de ser transferido, mas recebeu apenas pomadas e soro no hospital inicial.
No Pronto-Socorro, durante a tentativa de intubação, a mãe relata que a criança regurgitou grande quantidade de líquido, indicando excesso de soro administrado anteriormente.
Além disso, o suposto conflito no Samu levantou questionamentos sobre a aplicação de protocolos em situações emergenciais. O corpo de Nícolas foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para laudo oficial, enquanto as autoridades investigam as circunstâncias da morte.
Com informações da repórter Rose Lima.