Falta de medicamentos é uma entre tantas irregularidades
Além do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Conselho Regional de Medicina (CRM) quem também vem apontando os problemas na área de saúde é o Departamento de Auditoria do Ministério da Saúde (Denasus). Os auditores fazem levantamentos em todos os recursos repassados pelo governo federal. No final do ano passado, um dos relatórios apontava porque a saúde do município de Senador Guiomard vai de mal a pior.
O Denasus está pedindo a devolução de R$ 473 mil ao fundo nacional de saúde. O motivo são as várias irregularidades encontradas no município.
São diversas despesas sem comprovação, falta de medicamentos e até o relatório de gestão, que indica todo o trabalho da prefeitura, desapareceu. Dos 32 indicadores pactuados para a saúde a prefeitura cumpriu menos da metade.
Nos postos de saúde existem problemas de estrutura física, faltam equipamentos e muitos profissionais contratados não eram capacitados. Para saber como anda o atendimento da saúde no município a pessoa não precisa se prender a relatórios, basta visitar a cidade e falar com quem procura os serviços.
Para aliviar o sofrimento da filha de seis anos, que está com muita febre, a produtora rural Arizete Oliveira não quis saber: saiu com o filho de seis meses pelo ramal onde mora em Senador Guiomard, em busca de um posto de saúde. A caminhada não foi fácil, levar o garoto pesado e enfrentar o sol é tarefa para poucos. Mas, a viagem foi perdida. No posto, logo na entrada da cidade não havia nenhum dos medicamentos que a filha de Arizete precisava. Nem mesmo uma dipirona, para baixar a febre da criança. Sem dinheiro para comprar os remédios ela não sabia o que fazer. “Agora eu nem sei para onde ir, minha filha esta passando mal e não consigo os remédios”, relatou.
Fomos até o posto de saúde e confirmamos a falta de remédios. As prateleiras da farmácia estavam praticamente vazias.
Outra mãe que estava no posto, quando viu nossa equipe foi logo dizendo, “aqui é milagre ter um médico”. A Fala da dona de casa Alana Moreira, mostra bem a indignação de quem precisa de atendimento médico no interior.
O prefeito de Senador Guiomard, James Gomes, culpa a falta de recursos para poder bancar a saúde do município, principalmente os medicamentos. “O dinheiro para comprar remédio é pouco, precisamos completar com recursos próprios. O governo federal tem que mudar essa política e injetar mais dinheiro nos municípios”, explicou.
Os recursos aplicados bem abaixo do que manda a constituição são revelados em números pelo TCE, no entanto, o que preocupa é o resultado da falta de investimentos na saúde.
Os municípios são carentes em saneamento básico, isso deixa as pessoas mais doentes e consequentemente precisam mais do serviço médico. Geralmente onde o dinheiro é menos aplicado é onde existe o maior índice de pobreza.
Em Rodrigues Alves chega aos expressivos, de acordo com o IBGE, 68% dos moradores estão na linha de pobreza. Em Manoel Urbano 77%; Santa Rosa 70% e Tarauacá 61%. Nessas cidades os prefeitos são recordistas em não aplicar corretamente os recursos da saúde.
O atendimento, principalmente, no interior do estado é precário, mas sabe-se que muitos prefeitos não aplicam corretamente os recursos como deveriam.
O que falta são os órgãos fiscalizadores entrarem em cena, para não serem tão culpados quanto os maus gestores.