O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) é um conjunto de avaliações externas em larga escala que permite ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realizar um diagnóstico da educação básica brasileira. No Acre, o cenário apresentado foi abaixo do esperado, principalmente quando avaliado no período da pandemia de Covid-19.
De acordo com os anos de 2019 e 2023, as disciplinas de português matemática, foram as que mais apresentaram queda em todas as fases de ensino do primário ao médio. Houve uma queda de 53% para 20% no índice de leitura.
Entre os alunos de classe média alta, cerca de 61% alcançam níveis adequados na Língua Portuguesa, mas quando é analisada a questão dos mais pobres, esse número cai pra 45%.
Com base nos dados do SAEB, a situação mais preocupante observa-se no Ensino Médio, uma vez que, em 2023, apenas 2% dos estudantes atingiram o nível de proficiência esperado em matemática. Grande parte desses alunos reside em áreas rurais ou de difícil acesso.
“O IDEB e SAEB apresentaram índices baixos, porém isso não é desesperador, é para que a gente possa rever e buscar meios para avançar cada dia mais. Os esforços estão sendo feitos através da Secretaria de Educação do Estado, com a implementação de programas de recomposição das aprendizagens”, explica a presidente do Conselho de Educação do Acre, Elisete Machado.
O Acre apresenta o pior índice de escolas com acesso à internet do país. De acordo com o último Censo Escolar, apenas 42,2% das instituições de ensino estão conectadas. Essa limitação impacta diretamente a qualidade do ensino, sobretudo para os jovens que vivem em áreas rurais.
“Os alunos dos municípios de difícil acesso, da zona rural, os que habitam lá na floresta… as dificuldades são maiores. Nós sabemos da precariedade do acesso à tecnologia ainda aqui no nosso estado. Temos municípios que passam dias sem que eles tenham acesso. A gente não vai muito longe — às vezes, até em Cruzeiro do Sul, Feijó — é bem aquém do esperado”, acrescenta Machado.
As condições das estradas também interferem diretamente na jornada escolar, tornando, em muitos casos, inviável o deslocamento dos estudantes, especialmente aqueles que vivem em áreas distantes ou de difícil acesso. De acordo com o Conselho, o programa ‘Recomposição da Aprendizagem’ tem como objetivo identificar esses entraves e propor as políticas públicas adequadas para enfrentá-los.
“O programa consiste em fazer o diagnóstico da situação individual de cada um e, a partir desse diagnóstico, ofertar programas para recompor e preencher as lacunas existentes na aprendizagem dos alunos. Trata-se, portanto, de uma forma de elevar o nível de ensino e recuperar os conteúdos que não foram ministrados em razão da pandemia”, finaliza a presidente.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter João Cardoso para TV Gazeta