Margarida de Aquino e Rosana Cavalcante foram reeleitas para os cargos de reitoras
Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, é importante lembrar sobre a luta em relação à igualdade de gênero e a maior ocupação das mulheres em espaços na sociedade. Nesse caso, trazemos a história das duas reitoras que coordenam a Universidade Federal do Acre (Ufac) e Instituto Federal do Acre (Ifac). São elas: Margarida de Aquino Cunha, conhecida como Guida, e Rosana Cavalcante dos Santos. Elas enxergam a dificuldade que é ser mulher em um alto cargo, porém afirmam que o fortalecimento e dedicação são pontos cruciais para a representatividade na gestão.
Margarida de Aquino Cunha (Guida)
Guida, como é conhecida, tem 54 anos, tem graduação em Enfermagem e Obsetrícia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), possui mestrado em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atualmente é professora do curso de Enfermagem da Ufac. Casada e mãe de dois filhos, Guida diz que foi criada com três irmãs em Rio Branco e assim que decidiu seguir como enfermeira e se formou no curso, voltou toda a sua área para a causa da mulher, como o apoio ao aleitamento materno, criando junto com professoras da Ufac o grupo Peito Amigo, na maternidade Bárbara Heliodora.
“Trabalhei sempre com essa parte de aleitamento materno, com a mulher no pós-parto e também no parto. Essa já é uma área que eu venho trabalhando”, afirma Guida.
Ela foi eleita como reitora da Ufac em 2018 e se reelegeu em 2022 com 3,5 mil votos da comunidade acadêmica, para mais quatro anos de mandato. Ela afirma que as mulheres passaram a ter uma participação maior ao longo dos anos como gestoras e universidades e institutos, porém ainda há um preconceito de gênero.
“É um orgulho ser gestora mulher, mas a gente ainda sente um preconceito, uma discriminação, precisa ter uma política muito forte com relação a gênero”, salienta.
Em 60 anos de UFAC, Guida é a primeira mulher a ser reeleita para gestão: “me sinto fortalecida nesses anos de mandato e espero que mais mulheres sejam eleitas”.
Guida falou ainda sobre os projetos voltados para mulheres dentro da universidade, que englobam diversas situações pelas quais elas possam estar enfrentando.
Programa Mulheres na Amazônia
O programa foi lançado em fevereiro deste ano e visa à promoção da educação popular por meio de extensão universitária, com oferta de oficinas nos 22 municípios do Acre, ofertando oficinas para os Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher, organismos municipais de políticas para as mulheres e redes de atendimento a mulheres em situação de violência em todas as cidades do estado.
Rede Mulher Ações
Rede MulherAções é uma rede de formações para mulheres negras afro indígenas e indígenas do estado do Acre: uma organização pensada por três mulheres negras pesquisadoras do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre – Neabi/Ufac, com o propósito de auxiliar nos processos de empoderamento coletivo e representatividades de mulheres negras, indígenas e afro indígenas nos ingressos em cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado.
Essas ações tem mulheres sobre direção e a universidade realiza ações como palestras em relação aos direitos das mulheres.
Rosana Cavalcante Santos
Rosana é acreana, professora de Agroecologia do Ifac, possui graduação em Engenharia Agronômica pela Ufac e é especialista em Engenharia Ambiental e Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), é casada e mãe de um filho. Faz parte da Academia Acreana de Letras e tem cinco livros publicados. Ela conta que pelo fato dos pais terem se separado cedo, conviveu bastante com uma liderança matriarcal em casa e isso consequentemente foi um exemplo para que ela também liderasse como mulher.
Rosana é reitora do Ifac desde 2015, sendo reeleita em 2019. Quando assumiu, havia quatro reitoras mulheres em institutos federais no país, no Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (CONIF) agora são 12 mulheres reitoras. Ela afirma que “as dificuldades existem, mas a competência e a dedicação se sobressaem”.
Apesar de ainda haver poucas mulheres sobre gestão neste cargo no país, a gestora acredita que mulheres devem assumir sim esses cargos públicos. “Como mulher, pesquisadora e mãe, nunca perdi de vista o olhar atento para o universo feminino, implementando programas que criem rede de proteção às mulheres e também oportunidades”, afirmoua ainda. Segundo ela, o Ifac intensifica os programas voltados para as mulheres.
Fala Mulher
Uma das atividades desse programa dentro do Ifac, iniciado em 2021, é a roda de conversa destinada para as docentes e técnicas administrativas do instituto e realizada com a participação de uma convidada, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Projeto Clube do Fuxico
Realizado em parceria com o Tribunal de Justiça (TJA), oferecendo ações educacionais, artísticas e culturais, direcionado para as jovens que esta sendo atendidas em casas de acolhimento do TJA.
Ifac e Hospital do Amor
A parceria conta com o apoio ao combate ao câncer de mama. Como parte das ações alusivas ao Outubro Rosa, o Instituto Federal do Acre (Ifac) tem desenvolvido atividades em parceria com o Hospital de Amor. Esta tem contribuído para as ações de saúde desenvolvidas na instituição.
A ocupação em reitoria nas universidades e institutos federais do país ainda é minoria, visto que as mulheres, comparada com os homens, representam 15 dos 64 reitores do Brasil, segundo um artigo sobre representatividade feminina publicado por estudantes através da plataforma Convibra, que permite acesso a trabalhos acadêmicos brasileiros.
Apesar da diferença em relação ao número de reitoras, é importante falar que essa ocupação feminina vem ganhando cada vez mais força, bem como os projetos que fortalecem ações voltadas para as mulheres.
O Dia Internacional da Mulher
A luta sobre igualdade de gênero ainda é uma questão que precisa e muito ser debatida, uma vez que as mulheres têm mais dificuldades em ter o mesmo cargo, salário, ou até mesmo ser escutada, isso porque esses aspectos ainda são enxergados como sendo “para o homem”. Ainda vemos bastante comemoração nesta data falando sobre a delicadeza da mulher e muitas são tratadas como especiais somente neste dia.
O Dia Internacional da Mulher foi criado oficialmente pela Organização das Nações Unidas (Onu) em 1977. Porém, a data de 8 de março é utilizada desde o início do século 20. Vários eventos já tinham acontecido e levado para o mundo, por exemplo, as más condições de trabalho das mulheres.
Desde então, a data vem sendo comemorada e celebrada para relembrar a luta que continua, apesar de ainda ter diferença em relação ao tratamento homens e mulheres na sociedade, estamos em progresso. Para as mulheres que vieram antes de nós, aquelas estão aqui e as que ainda virão, Feliz Dia da Mulher, que na verdade acontece todo dia.