Entre as possíveis explicações para a diferença está o fato de a pandemia ter sido mais difícil para as mulheres
A diferença de remuneração entre homens e mulheres, que vinha em tendência de queda até 2020, voltou a subir no Brasil e atingiu 22% no fim de 2022. Assim, o cenário voltou ao patamar de 2019.
A remuneração mensal média feminina, no período, foi de R$ 2.416. A masculina, de R$ 3.099. Isso significa que uma brasileira recebe, em média, 78% do que ganha um homem. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A taxa de desocupação também foi diferente entre homens e mulheres no término do ano passado. Nesse índice, elas têm 9,8%, enquanto eles têm 6,5%. A média nacional foi de 7,9%.
Na teoria, a diferença já é proibida pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas faltam mecanismos que garantam que a lei seja cumprida.
Segundo especialistas, entre as possíveis explicações para o aumento recente na diferença da remuneração está o fato de a pandemia ter sido mais difícil para as mulheres. Elas, em muitos casos, deixaram o emprego para cuidar da casa e da família.
“Pode se supor que as mulheres se mantiveram mais tempo fora do mercado de trabalho e, aí, fica mais difícil se reinserir”, diz o economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA.
Já a coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia da Universidade Federal Fluminense, Lucilene Morandi, acredita em outra possível explicação.
O motivo viria da crise no setor de serviços, que emprega mais mulheres, ter sido mais intensa durante a pandemia do que da indústria e do agronegócio. Esses dois são ramos que concentram mais homens.
A economista afirma que medidas como as que devem ser anunciadas hoje por Lula são importantes. Porém, ela ressalta que a lei não terá como interferir em casos em que uma empresa prefere promover um homem por considerá-lo mais capaz de assumir uma posição de comando devido ao gênero.