“Coisa mais linda”. Nenhum outro título – uma alusão à música de mesmo nome de João Gilberto e também ao primeiro verso de Garota de Ipanema de Tom Jobim e Vinícius de Moraes – cairia tão bem à série de Giuliano Cedroni e Heather Roth. Com muita música boa e um elenco de primeira, a produção não é nada menos que maravilhosa.
Estrelada pelas atrizes Maria Casadevall, Pathy Dejesus, Fernanda Vasconcellos e Mel Lisboa (Malu, Adélia, Lígia e Thereza) nos papeis principais, a série é ambientada no Rio de Janeiro das décadas de 1950 e 1960 – época em que a Bossa Nova nasceu, dando o ar da sua graça nessas paragens – e está disponível na Netflix.
Quatro mulheres completamente diferentes encontram, uma na outra, força pra seguir em frente e serem senhoras de si num tempo em que os direitos femininos eram quase inexistentes e o “melhor” que se podia fazer era obedecer aos desígnios de seus homens (pai e/ou esposo).
Temas como racismo, machismo, direitos da mulher e (in)justiça são trazidos nos 13 episódios divididos entre duas temporadas. O amor, a liberdade, a força e a determinação andam lado a lado com os problemas do morro e da cidade.
Com pitadas de nostalgia (de um tempo que sequer vivi), o samba, o jazz e, claro, a linda e boa Bossa Nova abrilhantam ainda mais “Coisa Mais Linda” – e seria até injusto terminar esse texto sem recomendar a audição da trilha sonora da série. A voz baixinha e violão dedilhado de João Gilberto, o timbre esplêndido e inigualável de Elis Regina e o som lindo da voz tranquila de Nara Leão estão, dentre outros, presentes em “Coisa Mais Linda”.
Camila Holsbach é editora chefe do Gazeta Alerta.