A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de sancionar a lei que limita o reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da inflação gerou reações de especialistas em economia. Entre eles, o economista acreano Orlando Sabino destacou em entrevista ao site Agazeta.net, que a medida embora garanta um aumento real aos trabalhadores, representa uma mudança significativa na política de valorização do piso salarial, limitando sua capacidade de impulsionar a economia e reduzir desigualdades.
Para Sabino, o principal impacto da nova regra está na distribuição de renda. “O salário mínimo é o principal responsável pela distribuição de renda no país, porque ele serve de referência, quando você tem índice de pobreza alto. Quando você concede aumentos acima da inflação, isso ajuda a estimular a economia e a reduzir índices de pobreza. No entanto, com esse teto de 2,5%, o governo restringe um pouco essa possibilidade,” afirmou.
Até agora, os reajustes do salário mínimo eram definidos pela soma da inflação anual e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, sem um limite fixo. Isso permitia ao governo conceder aumentos mais significativos em momentos de maior crescimento econômico.
Sob a nova regra, mesmo que o PIB cresça acima de 2,5%, essa parcela de aumento será limitada, como destacou o economista. “Por exemplo, se a inflação for de 4% e o PIB crescer 3%, o reajuste máximo será de 6,5%, e não mais. Antes, o governo tinha liberdade para conceder aumentos maiores, o que beneficiava a base salarial do país,” explicou Sabino.
Embora reconheça os benefícios de uma política de reajuste acima da inflação, Sabino também vê aspectos positivos na medida sancionada. Ele ressaltou que, mesmo com o teto, os trabalhadores continuarão a receber aumentos reais, o que preserva parte do poder de compra.
“Não deixa de ser uma boa política porque ainda garante o reajuste real. Porém, é restritiva, já que o governo não terá mais a flexibilidade de aumentar o salário mínimo além do limite estabelecido. Isso torna a política menos ousada do que as adotadas pelo próprio governo Lula anteriormente,” ponderou.
Para o Acre, onde grande parte da população tem renda vinculada ao salário mínimo, a mudança pode ter efeitos perceptíveis. Sabino enfatizou que, em estados com altos índices de pobreza, a valorização do piso salarial é um instrumento essencial para a dinamização econômica.
A medida começa a valer a partir de 2025, e o salário mínimo projetado para o ano será de R$ 1.518, com o reajuste oficializado em breve por decreto presidencial.
Com informações adicionais do site de notícias Agência Brasil