Sem dó
O Governo do Estado exige demais de sua base de apoio. É visível o nervosismo de alguns deputados com algumas demandas da Casa Rosada. O projeto que regulamenta o transporte interestadual é um deles. A deputada Juliana Rodrigues, presidente da Comissão de Serviço Público, quase teve uma síncope por causa do absurdo que jogaram na mão dela.
Sem dó II
O projeto protege tão descaradamente as empresas e penaliza os usuários de maneira tão gritante que nem a base teve coragem de assumir o ônus. O problema conseguiu unir base e oposição: estão todos contra o projeto. Mas, nem adianta tentar conversar com os parlamentares da base sobre o assunto. O medo que têm do governador é maior.
Pela tangente
Perguntado sobre o que pensava sobre a situação política do Acre, em especial o segundo mandato Tião Viana, o ex-governador Binho Marques saiu-se com essa: “Sou a pessoa menos indicada para falar sobre isso. Tenho tantos afazeres no ministério que não consigo acompanhar a política local”. Quem viu a cena garante que a repórter retrucou- eu tinha certeza que sua resposta seria essa. Ao que Binho respondeu: “E eu tinha certeza que você sabia de antemão”.
Cavalheiro
Binho Marques é um cavalheiro. Apesar de todas as complicações e retaliações que o grupo de Tião Viana fez ao dele, jamais colocaria a atual administração em xeque. Pelo menos não publicamente.
Base acionada
Os deputados da base estão sentindo o peso de ser situação. Tiveram que se expor de forma negativa durante a greve da educação (a maior greve já enfrentada no Acre) e receber as vaias. Mas, para o governo não foi suficiente transformar dois ou três em cães de guarda. Ele quer a bancada dos mudos atuando na defesa. Jonas Lima (PT) já desembestou. Toda a sessão faz defesa cega. Josa da Farmácia (PTN) anda ensaiando discursos. E até Maria Antonia (PROS) anda usando a tribuna para defender o governo.
Base acionada II
Maria Antonia (Pros) e Juliana Rodrigues (PRB) são autoblindadas. Por causa da simpatia e do carinho, nenhum coleguinha de hospício bate nelas. Quando o Governo do Estado descobrir essa faceta de duas das suas deputadas, vai acabar com elas. Vai exigir posicionamentos mais duros na defesa do Executivo. Resta saber o que sobreviverá das queridinhas da imprensa. O ex-deputado Moisés Diniz conhece o caminho.
Levy
É preciso ter mais calma na “leitura” que se faz da audiência do governador Tião Viana e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Pela vontade de alguns escribas oficiais, quase a crise brasileira é resolvida pelas orientações do dirigente acriano.
Levy II
Na prática, o que o governador do Acre foi fazer lá? Apenas reforçar que o Estado tem condições financeiras de adquirir mais um empréstimo. Desta vez, junto ao Bird. A quantia? US$ 150 milhões. O argumento é que o recurso será usado na execução de políticas públicas em municípios isolados, sobretudo em Saneamento Básico e Educação.
Rapidez
A conversa foi rápida. Mas, deu para fazer os elogios que a rotina republicana exige.
Observador
Um observador arguto apreendeu um detalhe nada palaciano. “Vendo Levy conversando com Tião [Viana], era possível perceber um certo distanciamento, uma frigidez polida. A impressão que dava era que Levy ouvia por educação. Mas, deu tempo até para fazer elogio de praxe. Brasília ainda está longe de entender o esforço de governar na Amazônia”.
Olhar
O olhar do observador é bom para que, de vez em quando, alguns perceberem o tamanho do Acre e da sua economia.