Por Felipe Souza e Inayme Lobo
As doenças cardiovasculares (DCV) são a primeira causa de mortes no Brasil. O Ministério da Saúde relata que 30% dos óbitos no país são devido a doenças do coração. Atualmente, cerca de 14 milhões de pessoas têm alguma enfermidade cardiovascular. Apesar da importância da prevenção, 23% dos brasileiros nunca foram ao cardiologista.
A atual contagem de óbitos por doenças cardiovasculares no Brasil, feita pela plataforma ‘Cardiômtero’, mostra que, até o momento, foram registradas mais de 40 mil mortes no país apenas em 2024. Em fevereiro, do dia 1 até esta terça-feira (6), o número equivale a mais de 6 mil.
Segundo o cardiologista Odilson Silvestre, cerca de 200 mil pessoas no Acre são hipertensas, cerca de 30% da população. Ele afirma que é uma doença do envelhecimento, relacionada ao comportamento de vida inadequado, sem exercícios físicos e excesso de ingestão de sal.
“No Acre, é mais doença do coração que mata, assim como os hipertensos. Nós imaginamos que cerca de 200 mil pessoas aqui sejam hipertensas. No geral, de 25% a 30% das pessoas têm hipertensão. É uma doença do envelhecimento e do comportamento de vida inadequado, sem exercício, com ganho de peso e grande ingestão de sal”, conta Silvestre.
De acordo com o médico, em uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Acre (Ufac) publicada em 2020, em que os parâmetros analisavam a alimentação e cuidados com a saúde de 700 pessoas, entre professores e funcionários do administrativo, nenhum atingiu a saúde cardiovascular ideal.
“A Ufac é um centro formador, onde as pessoas são mais educadas e têm mais acesso. Nós fizemos um estudo para ver como era a saúde dessas pessoas de lá, considerando sete fatores. De 700 pessoas analisadas, incluindo professores e funcionários do administrativo, nenhum tinha a saúde cardiovascular ideal, não gabaritaram nos sete requisitos, todo mundo foi reprovado, todo mundo tinha algum problema”, detalha Silvestre.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) analisa os dados de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil por meio do ‘Cardiômetro’. São mais de mil mortes por dia, cerca de 46 por hora, além de uma morte a cada 1,5 minuto (90 segundos). A SBC estima que, ao final deste ano, quase 400 mil pessoas no Brasil devem ter morrido por doenças do coração e da circulação.
“Nós temos um dado da Vigitel, um estudo do Ministério da Saúde que liga para as pessoas de Rio Branco para saber como está a saúde, peso, pressão. A capital do Acre é campeã em sobrepeso e obesidade, onde 22% da população é obesa e 62% tem sobrepeso. A cada dez pessoas, de seis a sete estão acima do peso, pouquíssimos fazem exercício”, explica o cardiologista.
Apesar dos dados demonstrarem que cerca de 23% dos brasileiros nunca foram ao cardiologista, Odilson Silvestre orienta a busca por exames preventivos, para diagnósticos precoces e para acompanhar o estado de saúde do indivíduo. Esclarece, ainda, que a dificuldade em buscar atendimento é maior por parte dos homens.
“O homem se cuida menos do que a mulher. Ele vai depois e demora mais, e quem leva ele é a mulher. Quando tem a consulta do homem, a mulher está do lado; quando tem a consulta da mulher, a filha ou a amiga está ao lado dela. A mulher se cuida melhor e ainda cuida do homem”, esclarece.
Silvestre frisa que ir ao médico é a tarefa principal para cuidar da saúde e prevenir futuros problemas cardiovasculares.
“A importância da prevenção. Nós já sabemos que funciona fazer exame para diabetes e hipertensão depois dos 25 anos de idade. Essa avaliação busca hipertensão, placas de colesterol na circulação. Vale muito a pena as consultas anuais para prevenir e diagnosticar de forma precoce”.
Ele também explica outros tratamentos para quem busca perder peso. De acordo com o médico, existe o tratamento comportamental para perder peso, além de medicamentos excelentes que fazem perder de 10% a 20% da gordura. Cita também a cirurgia bariátrica: “Um tratamento bom e eficaz. Ele funciona, mas é o último tratamento nessa escala, por ser muito invasivo”.
Cardiômetro
O Cardiômetro foi concebido para gerar informação direta, acessível, validada e de fonte segura, 24 horas por dia, para a conscientização sobre o impacto social das DCV, bem como as estratégias de prevenção e tratamento dessas enfermidades.
São disponíveis, também, no Portal do Cardiômetro calculadoras de avaliação individual de risco cardiovascular e até mesmo uma guia de atendimento à parada cardíaca. Dessa forma, a plataforma é mais que um “contador” de óbitos por DCV, momento a momento (naquele minuto, dia, mês e ano), trata-se de um convite para o conhecimento de uma série de informações fundamentais sobre cuidados de prevenção e controle do principal problema de saúde pública da atualidade.