Em colaboração com Inayme Lobo para o Agazeta.net
Trabalhadores fazem abaixo-assinado para que as pessoas sejam proibidas de alimentar as aves na região do Bosque. Eles alegam que a ameaça iminente da doença do pombo tem prejudicado o comércio da região e pedem que as autoridades tomem providência.
O abaixo-assinado conta com mais de 160 assinaturas, e os trabalhadores tomaram essa iniciativa em detrimento de uma mulher idosa que vai diariamente ao local alimentar os pombos. A prática tem causado desentendimento entre ela e os comerciantes da região.
A situação passou dos limites para os vendedores locais que recentemente perderam uma colega de trabalho vítima da Doença do Pombo na região. Eles aguardam a presença da vigilância sanitária, e esperam que a prefeitura realize uma limpeza no local do mercado.
O abaixo-assinado é embasado na situação passada pela última vítima, Sandra Silveira, vendedora da região. O documento vai mostrar desde o primeiro período que ela levou pra ser diagnosticada até a transferência dela para o Pronto Socorro (PS), quando foi diagnosticada tardiamente com a criptococose no último dia 14.
“Mediante o risco da saúde pública da população, trabalhadores, moradores e frequentadores dos comércios dessa região, pedimos às autoridades competentes, que algo seja feito em relação às pessoas que alimentam esses animais, a partir desse ato, que seja proibido a alimentação dos pombos” , informações constatadas no abaixo-assinado.
É possível constatar a presença das aves em diversos pontos da região do bairro do Bosque. Por ser um local muito movimentado, é comum encontrar lixeiras abertas, restos de alimentos e até mesmo produtos comercializados a granel e todos esses fatores citados são favoráveis à proliferação dos pombos.
Segundo o administrador de um mercado público, Edmilson Souza, está sendo realizado um trabalho de conscientização para evitar a alimentação dos animais por parte dos frequentadores do local.
“Estamos informando os permissionários, informando os frequentadores e a equipe de limpeza que não permita que as pessoas alimentem os animais, estamos com um trabalho de educação, educando e informando a população, que realmente pode ocorrer esse fim trágico”, diz Souza.
A transmissão das doenças é causada pelas fezes secas dos animais que são infectadas por fungos e bactérias. Segundo os trabalhadores dos comércios da região, após oito dias da morte da atendente, nenhum representante do município foi até o local, relatam ainda que nenhuma iniciativa foi tomada pelas autoridades.
Confira o documento na íntegra
Criptococose, conhecida como “Doença do Pombo”, que causou a morte da atendente de loja Sandra Silveira Bezerra, de 49 anos, na última quarta-feira (15) no Pronto-Socorro de Rio Branco. Sandra ficou internada na unidade de saúde por uma semana.
A vítima recebeu o diagnóstico na terça (14). Na certidão de óbito consta que Sandra faleceu de meningite fúngica, cryptococcus, edema cerebral e pneumonia. Ela trabalhou por mais de 12 anos em uma loja de variedades que fica na Rua Cel. Alexandrino, bairro Bosque, na capital acreana, localidade onde há a presença constante de pombos.
Em outubro, Sandra foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), fez um raio-X e foi detectada uma mancha em seu pulmão. Foi então que a filha mais velha levou Sandra em um pneumologista para exames mais específicos.
Ela ficou na UPA do Segundo Distrito até dia 8 de novembro, quando foi transferida
para o pronto-socorro. Na unidade de saúde, segundo Fábia Rodrigues, filha da atendente, fizeram um exame para meningite e a atendente começou a tomar antibióticos
“Só pensaram na meningite bacteriana e na viral, não pensaram na fúngica. Foi tomando o antibiótico, mas não havia melhora. Foi para as dosagens mais altas dos antibióticos, a dor de cabeça só piorava, a infecção muito forte também. Houve uma demora muito grande para se descobrir. Fui atrás várias vezes. Ela também teve alterações na visão. O médico explicou que por conta do edema cerebral ocorria essa alteração na visão, mas que quando desinchasse voltaria ao normal”, disse.
O diagnóstico certo foi descoberto apenas na última terça-feira (14), quando Fábia pegou o resultado o exame feito em Sandra no laboratório, e apresentou para o médico plantonista. A jovem conta que sempre desconfiou que a mãe tinha Doença do Pombo devido à presença das aves próximo ao local do trabalho dela Sandra estava internada na observação do PS quando descobriram a doença. Para tomar a medicação, ela precisava ser transferida para uma enfermaria do andar de cima. Essa transferência foi feita no início da noite de terça, mas a atendente passou muito mal e precisou ser entubada.
“O cérebro dela estava muito inchado, por isso sentia muita dor de cabeça se os exames tivessem saído mais rápido, fui no laboratório pegar o resultado. Onde ela trabalhava tinha muito pombo, ás vezes, ficava lá pela frente aguardando entrar. Ela passava a maior parte do tempo lá. Ainda estou sem chão, agora que consigo falar”, lamentou.
Com informações da repórter Débora Ribeiro