Após quatro meses de disputa por espaço físico, o Centro Acadêmico de Licenciatura em História (Caliceh) da Universidade Federal do Acre (Ufac) enfrentou mais um episódio de tensão envolvendo a Prefeitura do Campus (Prefcam). No último sábado (17), Cristian Souza Bezerra, de 19 anos, relatou ter sido agredido pelo chefe de segurança da instituição, Edízio Souza do Nascimento.
O incidente está relacionado à troca de fechadura realizada pela Prefcam no espaço ocupado pelos estudantes e à instalação de vigilantes patrimoniais no local na noite de sexta-feira (16), o que deixou os alunos sem acesso aos seus pertences. Em contato com o site Agazeta.net, Cristian Bezerra compartilhou detalhes sobre o ocorrido:
“Estávamos conversando com os vigilantes sobre terem invadido o nosso espaço. Eles disseram que teriam que chamar a polícia para nos retirar e ainda nos acusaram de danificar o local, sendo que eles próprios depredaram nossas coisas”, afirmou Bezerra.
Após os estudantes conseguirem abrir a porta do centro acadêmico sem causar danos, a empresa de vigilância patrimonial foi acionada, e o chefe de segurança patrimonial compareceu ao local.
“Ele chegou histérico, eufórico e gritando que teríamos que sair. Foi tudo muito rápido. Depois que uma das nossas diretoras afirmou que íamos permanecer, me virei para entrar na sala da secretaria, onde estavam minhas coisas, e fui agredido com um soco pelo chefe de segurança. Em seguida, o vigilante o escoltou para fora, porque o clima ficou muito tenso”, relatou Bezerra.
Após a agressão, Bezerra tomou as devidas providências, acionando as autoridades: “Chamei a polícia, que veio aqui e me conduziu até a Polícia Federal. Agora à tarde, vou novamente à Polícia Federal e depois ao Ministério Público”, concluiu.
Apesar da existência de vídeos e testemunhas, a Ufac publicou uma nota negando a agressão e acusando os alunos de depredação de bens públicos e desrespeito aos servidores. Além disso, manifestou solidariedade ao chefe de segurança.
Em resposta, 54 professores assinaram uma nota em apoio ao Caliceh, e o Colegiado e o Mestrado do curso, além da Associação Nacional de História, emitiram notas de repúdio contra as ações do chefe de segurança e a posição da universidade.
Nos comentários da publicação da Ufac, a professora Letícia Mamed, presidenta da Associação de Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac), expressou apoio ao estudante e contestou a nota da instituição.
“O texto da nota começa dizendo que ‘a equipe de segurança da Ufac não agrediu nenhum aluno’, mas depois afirma que ‘a ação da segurança foi necessária’ e ameaça ao afirmar que ‘o desacato a um servidor público são atos graves e serão devidamente investigados pelas autoridades competentes’. O vídeo amplamente divulgado nas redes é claro quanto à agressão física sofrida pelo estudante. Entendo que a Administração Superior queira se posicionar, mas tentar impor uma narrativa idílica perante a comunidade acadêmica demonstra sua inabilidade, novamente, para lidar com a realidade. Sejamos honestos quanto aos fatos: um aluno foi covardemente agredido”, afirmou Mamed.
Luta por um Espaço Físico
Após dois anos de tentativas frustradas e falta de diálogo com as autoridades da Ufac, o centro acadêmico tem lutado arduamente pela conquista e manutenção de um espaço físico adequado. Em 29 de abril, o Caliceh ocupou um espaço no antigo prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), visando criar um local de mobilização para os estudantes.
A ocupação foi uma resposta à falta de apoio institucional. O centro acadêmico é uma entidade estudantil regulamentada pela Lei Federal nº 7.395 de 31 de outubro de 1985, reconhecida como associação sem fins lucrativos pelo Código Civil Brasileiro. Suas funções são diversas e essenciais para a representação e apoio aos estudantes.
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Nota de Esclarecimento (Ufac)
A Universidade Federal do Acre (Ufac) vem a público esclarecer os fatos ocorridos neste sábado, 17 de agosto, no campus sede, em Rio Branco, relacionados ao incidente envolvendo a equipe de segurança patrimonial e alunos do Centro Acadêmico de História.
Ao contrário do que tem sido veiculado, informamos que a equipe de segurança da Ufac não agrediu nenhum aluno. A ação de segurança foi necessária após a invasão de um prédio público, onde alunos arrombaram a porta, causando danos ao patrimônio público. Durante a ocorrência, o chefe de segurança da Ufac foi desrespeitado e desanimado pelos alunos presentes.
Esclarecemos que a invasão, o dano ao patrimônio público e o desacato a um servidor público são atos graves e serão devidamente investigados pelas autoridades competentes. A Ufac, como instituição de ensino superior, não coaduna com a depredação dos bens públicos nem com a falta de respeito aos seus servidores.
A Ufac também se solidariza com o chefe da segurança do campus e reafirma seu compromisso com a fiscalização do patrimônio público e a segurança de toda a comunidade acadêmica. A situação foi devidamente denunciada às autoridades, e medidas serão tomadas para que os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei.