Famílias de extrativistas que vivem na zona rural de Rio Branco denunciam as condições precárias enfrentadas diariamente por alunos e professores nas escolas rurais da região. Fotos e vídeos enviados pelos moradores revelam a dificuldade de acesso aos ramais, tomados por lama e igarapés transbordando. Essa realidade impede que muitos estudantes cheguem às escolas, comprometendo o aprendizado e, em muitos casos, levando à desistência escolar.
A situação é ainda mais alarmante porque, mesmo quando os alunos conseguem chegar às instituições de ensino, enfrentam outras dificuldades. Josimar Nascimento, presidente do Sindicato dos Extrativistas e Assemelhados, destaca que a falta de investimentos compromete a educação em várias unidades. Segundo ele, problemas como ausência de infraestrutura, transporte escolar inadequado e precariedade nas condições de ensino são frequentes.
Um exemplo é a Escola Verde Florestas, localizada no quilômetro 140 da Estrada Transacreana. Abandonada há anos, a unidade aguarda por reformas prometidas desde 2021. “Em 2024, um engenheiro foi realizar a vistoria para uma reforma que nunca aconteceu. O verão terminou e nada foi feito”, lamenta Josimar.
Outro obstáculo significativo é a escassez de profissionais dispostos a atuar nas escolas rurais. Isabel Cristina, coordenadora do sindicato, explica que os poucos professores que aceitam o desafio acumulam funções que vão muito além de ensinar. “Além de dar aula, eles preparam merenda, cuidam da estrutura da escola e lidam com salas únicas que reúnem alunos de idades e níveis diferentes. Isso exige uma carga de trabalho imensa, que muitos assumem por amor à profissão e aos alunos”, pontua.
A Secretaria de Educação do Acre, responsável por 57 escolas rurais na capital, se manifestou por meio de nota. O órgão afirma que a Escola Verde Florestas está incluída no cronograma de construção de uma nova unidade, com estudo arquitetônico e orçamentário concluído, atualmente em fase de licitação. Além disso, garantiu que outras escolas rurais passarão por reformas e reconstruções.
No entanto, enquanto as promessas não se concretizam, os alunos continuam enfrentando condições de ensino adversas e correm o risco de perder o ano letivo. “As poucas escolas que funcionam com condições mínimas estão próximas às rodovias. Nas comunidades mais afastadas, a situação é de total abandono”, concluem os moradores.
A denúncia expõe a necessidade urgente de ações efetivas para garantir o acesso à educação de qualidade nas áreas rurais, condição indispensável para o desenvolvimento dessas comunidades e o futuro dos jovens.
Matéria produzida pelo repórter Débora Ribeiro para a TV Gazeta.