O Acre abriga um dos mais importantes patrimônios arqueológicos do Brasil: os geoglifos, gigantescos desenhos geométricos esculpidos no solo há milhares de anos. Agora, essas estruturas podem receber o reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Mundial, ampliando o potencial turístico e científico da região.
O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Acre, Stênio Cordeiro, destaca a importância histórica desses sítios arqueológicos. Segundo ele, os geoglifos são a principal evidência da ocupação da Amazônia por civilizações antigas. “Temos mais de mil geoglifos identificados no estado, sendo 56 apenas na região de Rio Branco. Até agora, conseguimos catalogar 462, mas o acesso dificultado pela floresta impede que avancemos mais rápido”, explica.
A descoberta desses geoglifos ocorreu a partir de sobrevoos realizados pelo professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Alceu Ranzi. Ele identificou padrões geométricos visíveis apenas do alto, revelando um legado arqueológico até então desconhecido. Estudos apontam que essas estruturas podem variar entre 1 e 3 hectares de extensão, com valas de até 10 metros de profundidade e 3 metros de largura. Curiosamente, mesmo durante o período de chuvas intensas da Amazônia, essas valas não ficam inundadas.
O fotojornalista Diego Gurgel, que há anos documenta os geoglifos por meio de imagens aéreas, ressalta a relevância do tombamento para a preservação desse patrimônio. “Captar a grandiosidade desses desenhos é um desafio e uma experiência única. Esse reconhecimento pode garantir que esse legado arqueológico, que conta parte da história pré-colombiana da Amazônia, seja protegido para as futuras gerações”, afirma.
A proposta de reconhecimento pela Unesco reforça a importância dos geoglifos não apenas como testemunho de civilizações antigas, mas também como potencial atrativo turístico e fonte de pesquisa sobre os povos que habitaram a Amazônia há milênios.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Marilson Maia, para TV Gazeta.