O Governo Federal autorizou nesta segunda-feira (7) o início dos estudos técnicos para implantação de uma ferrovia internacional que conectará o Brasil ao Oceano Pacífico. A futura linha férrea deverá passar pelo estado do Acre e faz parte de uma proposta de criação de um corredor bioceânico com o objetivo de facilitar o escoamento de mercadorias brasileiras rumo ao mercado asiático. A ferrovia deverá ligar o Peru ao estado do Mato Grosso, passando também por Rondônia.
A proposta visa reduzir custos logísticos e encurtar distâncias no transporte da produção agrícola, especialmente a vinda do Centro-Oeste. Segundo o Ministério dos Transportes, a nova conexão ferroviária tem potencial para reposicionar o Brasil no comércio internacional, tornando o país mais competitivo no agronegócio global.
O plano é desenvolvido com a participação da China, por meio de um memorando técnico assinado entre a empresa brasileira FSA e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico da China. A partir da assinatura, os envolvidos iniciam os estudos para definir o traçado da ferrovia.
Repercussão política no Acre
A autorização do projeto repercutiu na bancada federal do Acre no Senado. O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) comemorou o avanço e destacou o impacto estratégico da conexão com o Pacífico para a economia acreana.
“Por que a ferrovia é importante? Porque vocês sabem que, do lado peruano, que leva até o Porto de Chancay, que vai em mais de 20 dias o trajeto do Peru. Para os países asiáticos, com certeza isso ajuda o nosso estado, não só o nosso estado, ajuda toda a região”, afirmou Petecão.
Já o senador Márcio Bittar (União-AC) fez críticas à mudança do traçado da ferrovia, que segundo ele, desconsidera o projeto original que ligaria municípios do Acre à região do Juruá e ao Pacífico por meio da BR-364.
“O que o governo do PT, com o silêncio, a complacência de Marina e Jorge Viana, estão fazendo, é um ato que, ao meu ver, é um crime contra o verdadeiro interesse do Acre”, disse o parlamentar, se referindo aos dois acreanos que hoje ocupam posições no Governo Federal — Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.
Segundo Bittar, o projeto original interligava municípios como Feijó e Tarauacá até Cruzeiro do Sul, seguindo em direção a Pucallpa, no Peru, e que a mudança de traçado ignora essa rota em nome de pressões ambientais.
“Eles aceitam a pressão ambientalista e mudam a rota para sair ao lado do Atlântico 17. Se isso acontecer de fato, nós de Feijó, Tarauacá e do Juruá, vamos nos eternizar isolados”, completou.
Apesar da divergência entre os senadores, o projeto ainda está em fase inicial, com os estudos técnicos sendo realizados para avaliar a viabilidade da obra. A definição do traçado exato e os impactos ambientais, sociais e econômicos da ferrovia deverão ser analisados ao longo dos próximos meses.
A ferrovia internacional faz parte de um movimento estratégico maior para integrar o Brasil às rotas comerciais do Pacífico e ampliar a presença do país no mercado asiático, especialmente a partir da força do agronegócio.
Com informações do repórter de Brasília Mariano Maciel para TV Gazeta