Jarid Arraes foi apresentada para mim por um querido amigo que tenho muito apreço. Enquanto devolvia um livro que ele havia me emprestado para me auxiliar na caminhada no jornalismo, ele me entregou um novo livro, dessa vez da escritora cearense. Ele me garantiu que eu gostaria da leitura e me identificaria com o estilo dela e a escrita.
Como sempre, ele estava certo. Amei o livro e Jarid. Amei a perspectiva das mulheres, cultura e local que ela usa. Mas, hoje vou trazer outro livro dela, tão bom quanto, e aproveitar como gancho o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, amanhã.
“Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis” já figurava há algum tempo na minha lista de livros para comprar e ler, mas acabava sempre dando preferência para outras leituras. Agora já conhecendo a autora, aproveitei o esquenta da black Friday e comprei o livro – que chegou em surpreendentes sete dias no Acre.
Jarid Arraes é uma cordelista, poeta, colunista e escritora brasileira. Com pai e avô cordelistas e xilogravadores, ela seguiu o mesmo caminho, e conta com mais de 70 cordéis publicados. O livro, por si só, é uma obra prima. A diagramação é muito bem feita, os cordéis rimados têm um bom ritmo e escrita, além das xilogravuras muito bonitas. Passei um bom tempo só admirando o livro, e ainda me pego vez ou outra fazendo isso.

A intenção de Arraes com a obra é que essas mulheres, que em geral são esquecidas pela história, sejam colocadas à luz, para que mais pessoas tenham conhecimento de quem foram essas heroínas negras brasileiras e o que cada uma dela fez. A título de curiosidade, e lembrança, coloco o nome de cada uma delas citadas na obra:
- Antonieta de Barros
- Aqualtune
- Carolina Maria de Jesus
- Dandara dos Palmares
- Esperança Garcia
- Eva Maria do Bonsucesso
- Laudelina de Campos
- Luísa Mahin
- Maria Felipa
- Maria Firmina dos Reis
- Mariana Crioula
- Na Agontimé
- Tereza de Benguela
- Tia Ciata
- Zacimba Gaba
Apesar de grandiosas, essas e muitas outras mulheres negras foram colocadas em um espaço de esquecimento histórico. Elas foram apagadas de livros de história, excluídas das discussões em sala de aula, e quando lembradas são citadas no máximo como a esposa de alguém famoso. Dificilmente têm os holofotes direcionados para elas.
Todos os 15 textos sobre essas mulheres são contados em forma de cordel, com xilogravuras sobre as personagens. Ao final de cada cordel tem também uma pequena biografia sobre a história de cada personagem. Achei a proposta interessante, porque se, por ventura, você não entender a narrativa em formato de cordel, ou passar despercebido por algo, ao final ela retoma a explicação em formato de biografia.
Acredito que a proposta da Jarid é que essas personalidades sejam conhecidas. A biografia não é profunda, creio que nem seja a intenção dela. Mas, com uma pequena introdução sobre cada mulher já nos desperta o interesse para buscar mais informações. Confesso inclusive que conhecia poucas mulheres negras presentes no livro, e separei algumas para pesquisar sobre depois, porque me interessei pela história. Como é o caso, por exemplo, de Aqualtune, princesa da qual eu nunca tinha ouvido falar até então.
Carolina Maria de Jesus eu já conhecia, mas apenas o livro Quarto de Despejo, que inclusive li recentemente. Mas não conhecia outras obras e nem sua história, para além do diário publicado. Mas agora, outros livros da autora já entraram na minha lista de desejos e futuras aquisições.
Achei que o livro é bem acessível ao publico em geral. A leitura também é de fácil compreensão. Acredito que seja uma boa leitura tanto para as crianças quanto para os adultos. É possível que quem tenha filhos ou crianças em casa consiga fazer uma leitura conjunta bem proveitosa. Além disso, as imagens são lindas e tudo no livro nos atrai.
Obrigada Jarid, por essa obra lindíssima.
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Pâmela Freitas é jornalista formada pela Ufac, pós-graduanda em Jornalismo Digital pela Unyleya e repórter no site Agazeta.net