Segundo o grupo, rodovia pode se tornar porta aberta para o narcotráfico e extração ilegal de madeira
Comunidades indígenas reforçam o trabalho em união para acabar com o avanço da estrada UC-105, no Peru. Nesta quarta-feira (15), associações indígenas brasileiras e peruanas realizam um grande encontro em Puerto Breu, no distrito de Yurúa, provincia de Atalaya no Peru.
A comunidade Ashaninka do Rio Amônia foi convidada a participar, por meio da Associação Apiwtxa, uma comitiva já está a caminho para participar do evento. “Estaremos presentes, junto dos nossos parceiros no Peru, pois todos nós seremos atingidos. Essa estrada não atende a nenhum interesse das comunidades locais, mas somente de interesses de grupos políticos e de empresários que vão lucrar com a destruição dessas áreas”, afirma Francisco Piyãko, liderança Ashaninka da Apiwtxa.
A UC-105 é uma estrada que pretende ligar a região de Nueva Italia a Puerto Breu, no Peru, cortando comunidades indígenas e de populações tradicionais. O avanço está sendo feito por grupos madeireiros, que são acusados de invadirem recentemente a comunidade indígena de Sawawo, do povo Ashaninka do Rio Amônia, no Peru.
Segundo o grupo, essa rodovia pode se tornar porta aberta para o narcotráfico, extração ilegal de madeira e ocupação indevida ao longo de todo o seu trajeto. As cabeceiras dos rios e igarapés podem ser afetados, levando a consequências perigosas aos moradores do lado brasileiro da Amazônia. Rio Ucayali, Rio Genepanshea, Rio Sheshea, Igarapé Shanuya, Igarapé Noaya, Igarapé Shatanya, Igarapé Alto Tamaya, Rio Amônia, Rio Dorado, Rio Juruá, Rio Arara, Rio Breu, Rio Huacapishtea são alguns dos corpos d’água que podem ser contaminados com o aumento de atividades ilegais.
Parte desses rios e igarapés chega ao Brasil ao desaguar, em algum momento, no Rio Juruá, que corta grande parte da Amazônia brasileira e abriga Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do estado do Acre. A ocupação indevida de suas cabeceiras, seguida de grandes atividades ilegais, como mineração ou o tráfico de drogas, pode gerar contaminações de diferentes graus, afetando a fauna que usa as cabeceiras para reprodução, por exemplo.
“Nós não vamos abrir mão de lutar por nossos direitos no Brasil e que estamos em parceria com as comunidades do Peru, para junto combater esta ameaça. Estamos em uma região que está ameaçada como nunca, desde a exploração de madeira, como o tráfico de drogas e prospecção de petróleo”, afirma Francisco.