Rio Branco tem mais de 4 mil indígenas que decidiram sair das aldeias para morar na cidade
O município de Rio Branco tem mais de 4 mil indígenas que decidiram sair das aldeias para morar na cidade. Dessa forma, somando com os outros municípios esse número pode chegar a sete mil indivíduos, é como se um quarto dos indígenas do Acre morasse nas cidades. Ao chegar nesses locais, eles são excluídos dos serviços públicos.
De acordo com o cacique Arnaldo Kaxinawá, ninguém está recebendo ajuda, e afirmou que receberam promessas de cestas básicas e medicamentos, mas até o momento, nada foi cumprido, sem trabalho, as mais de 50 pessoas, a maioria de crianças estão vivendo apenas o dinheiro que sacam do Auxílio Brasil.
“Parece que somos objetos deles, uma borracha, um alguns coisa. Pra poder no nome do índio. Aí daí não tem ajuda de nada”, conta o cacique.
O responsável por essa tribo indígena mora com outras 16 famílias em um quarteirão próximo ao mercado dos colonos. Algumas delas estão de passagem, como a do Manuel Sampaio Kaxinawá, que veio fazer o tratamento de saúde da esposa. Assim que ela melhorar ele pretende voltar para a aldeia.
“Paga aluguel, pagar comida, pagar tratamento. É isso que está acontecendo aqui. É muita luta.”, afirma o indígena.
Apesar da família do Manuel Sampaio não ficar por muito tempo na cidade, a maioria das outras famílias não querem mais voltar. Contudo, ao chegar na cidade, eles ficam muito vulneráveis a sofrer algum tipo de violência na cidade.
A liderança indígena Soliane Manchineri que trabalha na Defensoria Pública, disse que está preocupada com a situação dos índios que moram nas vias urbanas. O processo divino é natural, mas o estado não se preparou e não quer se preparar para receber essas famílias. Hoje muitos jovens estão sendo aliciados pelas facções criminosas e as meninas para prostituição.
“Fica vulnerável e quem que quer passar fome na cidade, não vai matar ou então assim a pessoa vai dizendo ah isso aqui é bom eu te dou todo dinheiro pra você cuidar disso, pra você só ficar de olho naquilo ali então realmente é aliciamento, e a pessoa acha que aquilo não tem nada de prejudicial. Olhar alguém se ela não conhece a história. Ela vai olhar mesmo. Então é necessário esse diálogo de conscientização em relação as populações indígenas, de algo em relação aos códigos de justiça que não sejam indígenas. Pra que a gente possa sim trazer os povos indígenas de volta pra esse pra essa vida mais dentro dos sistemas, dentro da cidade”, explica Manchineri.
No interior do Estado existe a preocupação também com a sede dos madeireiros, pois as meninas estão sempre recebendo convites para festas e bebedeiras. Quanto a violência nas aldeias, Manchineri disse que falta o governo dialogar com as lideranças das etnias, já que juntos podem buscar alternativas para reduzir os índices. Buscando a melhor maneira de punir pelo clime, pois que podem ter duas punições.
“Por isso que é necessário esse diálogo entre as sociedades indígenas e a sociedade não indígena, pra que a gente possa ter esse diálogo entre a injustiça, porque os códigos de justiça não indígenas são totalmente diferentes, porém eles em algum momento se adequam, como se eles também fossem submetidos as populações indígenas que também vivem dentro desse território”
Os indígenas reclamam que precisam de política diferenciada que garantam seus direitos à saúde, educação e assistência social nas cidades. Afinal, eles também podem escolher entre a aldeia e a área urbana. Com isso, o estado precisa entender isso, caso contrário, as falas serão sempre assim.
“Nós não temos ajuda, não temos nada. O governo e o prefeito não olham pra gente”, concluiu o cacique.
Com informações de Adailson Oliveira para TV Gazeta