A série “Inventando Anna” da Netflix, roubou a audiência dos mais assistidos na plataforma desde sua estreia em 11 de fevereiro de 2022, estando no Top 10 do streaming. Baseada em fatos e seguindo uma aposta no tema golpe, que anda circulando bem na plataforma, como um dos últimos documentários da Netflix “O Golpista do Tinder”, lançado dia 2 de fevereiro deste mesmo ano. As duas obras lidam com a fama dos golpistas e as consequências dos crimes em suas vítimas, usando casos reais, que podem ser facilmente possíveis.
“Inventando Anna”, conta a história real de Anna Delvey (Julia Garner), a mulher que convenceu a elite de Nova York de que era uma herdeira alemã e grande empreendedora. Mas, por trás de toda essa riqueza se escondia uma persuasiva golpista, capaz de manipular relações para bancar seus luxos. A série é uma adaptação do artigo “How Anna Delvey Tricked New York’s Party People” (Como Anna Delvey Enganou os Festeiros de Nova York), escrito pela jornalista Jessica Pressler, interpretada por Anna Chlumsky, que também aparece na série. A série também é uma criação da talentosa Shonda Rhimes, criadora de Grey’s Anatomy, Scandal e entre outros sucessos.
Já “O Golpista do Tinder” é gravado na linguagem de documentário, com a história real sendo contada por vítimas de Simon Leviev do Tinder, aplicativo de relacionamentos, mulheres que procuravam carinho e um homem que passasse segurança, mas encontraram no aplicativo um magnata do ramo dos diamantes que conquista mulheres com uma identidade falsa. Pedindo quantias acima de 50 mil, que no total chegam a milhões, com a desculpa de que não podia usar suas contas por está em perigo. Mas algumas de suas vítimas não aceitam o que aconteceu e querem justiça, chegando a culminar na prisão de Simon, mesmo que não por muito tempo. O documentário é dirigido por Felicity Morris e conta com um ritmo investigativo e frenético.
A princípio, o que se passa na cabeça de quem assiste essas obras é “Como isso é possível? Como essa pessoa se deixou enganar assim?”, e é assim que as duas obras se conectam, ambos os golpistas diziam ser milionários e se vestiam muito bem, comprometidos a passar um status de luxo, se vestindo de grifes e frequentando hotéis caros. Suas personalidades foram construídas para passar a identidade de alguém que passa confiança, cativante, inteligente, e que você quer que seja seu amigo ou amante.
Tanto, Anna Delvey ou Anna Sorokin, seu nome de registro, como Simon Leviev, são pessoas extremamente manipuladoras e persuasivas, que conseguem controlar situações para se beneficiar. Anna, se resguardou na desculpa de que enquanto não completasse 25 anos não poderia usufruir de sua herança, então se cercava de amizades, contatos profissionais e amantes, que ofereciam pagar por suas viagens, jantares, hotéis, enquanto sua herança não era liberada. Seu carisma, bom gosto e sua vontade de construir um espaço de arte e cultura para todos, cativava quem a conhecesse. Leviev usou do amor romântico, do afeto de um namoro, enganou mulheres com falsos futuros e promessas de construir uma vida juntos. Seu objetivo era ser um príncipe encantado, para que quando pedisse “ajuda” fosse atendido.
As duas histórias lidam com golpes afetivos. Além dos crimes de fraude e roubo, temos o perigoso crime de estelionato sentimental, que consiste na vantagem indevida obtida em uma relação amorosa. Uma das partes usa da confiança e do sentimento afetuoso do outro para conseguir vantagens econômico-financeiras para si ou para outrem. Ou seja, não se trata de pessoas que foram burras e caíram em golpes, como dizem os comentários, apenas pessoas enganadas, iludidas pelo glamour, confiança e atenção vindo de alguém que não precisava de nada, que não tinha necessidade de roubá-las, alguém que construiu uma identidade com o objetivo de enganar.
Para sanar curiosidades, Anna em 2019, foi condenada a uma pena de 4 a 12 anos de prisão por oito crimes de fraude e roubo. No início de 2021, ela conseguiu liberdade condicional após apelar ao Estado de Nova York. Enquanto estava presa, negociou com a Netflix e vendeu sua história por US$ 320 mil para a plataforma, conforme a imprensa dos EUA. Atualmente está sob custódia do Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA, aguardando a possível deportação para a Alemanha e quitando suas dívidas com os lesados. Simon Leviev após passar nove meses preso por enganar mulheres, criou um site de consultoria de negócios e ostenta uma vida de luxo e foi recentemente banido do aplicativo Tinder.