O juiz Otávio Augusto Ferraro, da Vara Única da Comarca de Boca do Acre, determinou, nesta quarta-feira (07), que os manifestantes realizem a liberação do KM-45 da Rodovia BR-317, para todos os veículos utilizados para transporte de combustíveis, gêneros alimentícios e medicamentos, além de veículos oficiais.
Além disso, também foi determinado que assegurem livre trânsito a todos os demais veículos pelo período de 8h às 9h e de 17h às 18h (horários do Amazonas) todos os dias, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento.
A BR-317, que liga o Acre e Amazonas, continua interditada por moradores e indígenas. A rodovia foi fechada no último dia 29 de maio e já somam 11 dias de interdição. Os manifestantes pedem melhorias de infraestrutura para a região.
Durante os dias de manifestação, algumas vezes a Polícia Rodoviária Federal do Acre (PRF/AC) conseguiu negociar com as pessoas presentes para liberar a estrada por algumas horas. O desbloqueio parcial acontecia, porém, pouco tempo depois, a população voltava a fechar por completo.
A maior parte dos manifestantes é composta por indígenas que habitam a região, mais especificamente da tribo Apurinã. Apesar de fazerem parte da mesma tribo, são de aldeias diferentes, sendo essas Vila Nova e Camapã. De acordo com o Cacique Riberaldo, da aldeia Camapã, são em torno de 1.800 indígenas que vivem próximo à rodovia.
“Esperamos muito pelo poder público e nunca tivemos uma resposta, agora as comunidades se uniram com os agricultores, caminhoneiros, que dependem da estrada, porque nós queremos o asfaltamento da BR-317”, disse o Cacique.
Além de reivindicarem o asfalto na rodovia, há, também, outras pautas em discussão, como melhorias em estradas, escolas, saúde e energia.

Ainda de acordo com o Cacique Riberaldo, pediram várias vezes ajuda, mas nunca receberam uma resposta do Governo para saber a situação do processo para resolver esse problema que assola as pessoas da região há anos.
“Não aguentamos mais. A BR no inverno é lama e no verão, poeira. Os povos indígenas estão pedindo socorro”, finalizou o líder.
O responsável pela liderança da aldeia Vila Nova, Cacique Raimundo, falou que eles sofrem com esse problema há mais de 40 anos e que já perderam muitos familiares por conta da estrada em péssima situação. Tudo se torna de difícil acesso quando não existe asfalto.
Durante uma Audiência Pública realizada na manhã desta sexta-feira (09), o indígena e coordenador regional do Alto Purus da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Junior Manchineri, disse que a população pode contar com o apoio da Funai e de outras instituições, como o Ibama.
“Juntos vamos conseguir os nossos objetivos, porque juntos somos mais fortes’, finalizou o jovem.
Com informações adicionais da produtora Duo2TV