POR QUEM OS SINOS DOBRAM
A citação acima ficou famosa no livro do escritor americano Ernest Hemingway, a quem pouco li, mas muito amo. E o nome de um dos seus livros mais conhecido tem martelado (ou melhor seria dizer badalado?) na minha cabecinha de mil pensamentos já faz uns dias. Esta é a razão pela qual vou tentar escrever um pouco sobre isso no contexto dos dias que temos vivido no Acre.
A linguagem dos sinos, uma tradição católica que vai se perdendo à medida que as cidades crescem, tem um significado interessante. Eles tocam (ou se dobram), para comemorar vitórias, lamentar derrotas, celebrar a vida ou lamentar a morte. No tocar dos sinos deste domingo, difícil saber qual dobra foi entoada.
Seria trágico se não fosse cômico. Em tempos de pandemia e isolamento social (não cumprido), somos essa ilha cercada de outras tantas ilhas afogadas no mar da turbulenta (embora silenciosa) eleição municipal deste ano em Rio Branco.
O continente partidário da outrora oposição, hoje situação, se repartiu em um punhado de ilhas vulcânicas que mais parecem o arquipélago havaiano, sem o mesmo glamour ou praias, só larva vulcânica espirrando para todo lado. E no meio desse lago de fogo, vale o salve-se quem puder e quem for esperto que aproveite a ponte antes que ela seja destruída. O problema é que a tal ponte já se foi. Não existe mais. E construir ponte não é barato. Entre ilhas então…
E nem vou falar da atual oposição, porque é outro tema de conversa.
Voltando…
Essa razão pela qual nossa eleição encerrada no domingo 29 me lembra o livro de Hemingway, que aprendi a amar depois de assistir o filme de mesmo nome. Tal como seu personagem principal, vivemos em pouquíssimos dias uma guerra de egos, vaidades, certezas, incertezas, paixões, traições e lamentações, com sinos badalando para todos os lados.
Se os sinos dobram por nós, nesta eleição eles também anunciaram mortes (não reais, por favor) e escancararam alguns cadáveres ideológicos pelas ruas de Rio Branco. Cada cadáver exposto mostra que há neles um pouco de cada um, embora neguemos peremptoriamente tal afirmação.
O mais lamentável é que, entre mortos e feridos, nem todos se salvaram. A ponte explodiu e agora é aguardar que balas virão de cada ilha isolada nesse platô político chamado Acre. Porque se “nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo”, por aqui a frase parece nos mostrar o contrário.
Aguardemos os próximos capítulos.
Até lá bora ouvir os sinos do Natal que é melhor…
Bom dia, boa tarde, boa noite!
Carinhos meus,
Charlene