O inquérito policial nº 1519/2024, conduzido pela Polícia Civil do Acre, ocasionou no indiciamento do assessor parlamentar Madson de Castro Cameli por lesão corporal e violência psicológica contra ex-esposa, Melissa da Silva Sampaio. Cameli, atualmente noivo da vice-governadora Mailza Assis, é acusado de cometer agressões físicas e psicológicas durante o período em que foi casado com a mulher, na qual tem um filho.
Sampaio relatou que Cameli a agredia utilizando golpes de jiu-jítsu e que, em diversas ocasiões, a ameaçou, incluindo desejos de morte tanto para ela quanto para o filho que esperavam. Ela descreveu um padrão contínuo de violência que envolvia enforcamentos, estrangulamentos, chutes, tapas, socos, empurrões e puxões de cabelo.
O inquérito reuniu diversas provas, incluindo fotografias e vídeos das agressões. Cameli, no entanto, negou todas as acusações, alegando nunca ter agredido Sampaio e afirmando que a atual exposição do caso se deve ao relacionamento com a vice-governadora.
Após repercussão do caso e também a pressão por esclarecimentos, a vice-governadora decidiu se pronunciar na manhã desta quinta-feira (22), por meio das redes sociais. Em nota, Assis deixou claro que se solidariza com todas as mulheres que são desrespeitadas e demonstra isso nas ações e através da trajetória política.. Entretanto, a nota em nenhum momento menciona diretamente o nome do noivo.
“Minha trajetória como mulher é pautada por princípios e valores incutidos por mulheres fortes, como minha avó e minha mãe. Tenho me esforçado ao longo da vida, inclusive na esfera pública, para honrar esses ensinamentos”, destacou.
Associação de Mulheres Juristas do Acre
O posicionamento gerou muitos questionamentos nas redes sociais, levantando suspeitas de neutralidade e suposto apoio ao noivo. “Ela está noiva de um agressor de mulheres e é a maior autoridade feminina do estado que lidera o ranking de feminicídios no país! O silêncio é ensurdecedor!”, criticou a Associação de Mulheres Juristas do Acre em redes sociais. O inquérito está agora sob análise do Ministério Público, que decidirá se apresenta denúncia formal ou arquiva o caso.
Pedido de expulsão do PTD
A nutricionista e militante do PDT, Edilamar Marques, manifestou-se publicamente sobre o caso, chamando Cameli de covarde e pedindo a expulsão do partido, além da exoneração do gabinete do deputado estadual Clodoaldo Rodrigues. Edilamar expressou solidariedade à suposta vítima e ressaltou a importância de combater a violência contra mulheres.
“Hoje, todas nós somos Melissa. Eu tomei conhecimento de que Melissa foi agredida por Madson Cameli, atual noivo da nossa vice-governadora. Eu represento o PDT feminino em Cruzeiro do Sul e pergunto: quantas Melissas não existem hoje em Cruzeiro do Sul? Quantas mulheres não foram ou não são agredidas?”, declarou.
Tipos de Violência Doméstica
Violência contra a mulher é qualquer conduta – ação ou omissão – de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados. Violência de gênero violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino.
Violência doméstica – quando ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação.
Violência familiar – violência que acontece dentro da família, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma casa).
Violência física – ação ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa.
Violência institucional – tipo de violência motivada por desigualdades (de gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) predominantes em diferentes sociedades. Essas desigualdades se formalizam e institucionalizam nas diferentes organizações privadas e aparelhos estatais, como também nos diferentes grupos que constituem essas sociedades.
Saiba mais: Violência contra a mulher: saiba onde pedir ajuda ou buscar orientação no Acre
Canais de ajuda
O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor. É fundamental contar com uma rede de apoio, que pode incluir familiares e amigos, além de serviços especializados que oferecem assistência jurídica e psicológica.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190. Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Nota de esclarecimento Mailza Assis
Amigos, minha trajetória como mulher tem princípios e valores incutidos por mulheres fortes como minha avó e minha mãe. Tenho me esforçado ao longo da vida, inclusive público, para honrar esses ensinamentos.
Como mulher, mãe, amiga, gestora pública, me solidarizo com todas as mulheres que são desrespeitadas e tenho demonstrado isso nas minhas ações, através da trajetória política, desde meu mandato de Senadora, marcada pelo apoio, defesa e combate à violência contra mulheres.
Sigo trabalhando, respeitando a liberdade de expressão, os direitos e a defesa da pessoa humana e as prerrogativas legais das autoridades competentes no tocante a investigação deste caso noticiado pela mídia acreana nesta quarta-feira, 21 de agosto de 2024.
Com informações adicionais do site Ac24horas