Estudos para exploração na região estão avançados
Os moradores da pacata Vila Santa Luzia em Cruzeiro do Sul desconhecem um dos mais audaciosos projetos econômicos do estado: a prospecção de petróleo e gás na região do Juruá. Essas famílias estão em cima de um dos poços apontados pela ANP, a Agência Nacional de Petróleo, onde pode haver gás natural. Na verdade, a área desse poço chega a 1,6 quilômetro quadrados localizada da divisa do Acre com o Amazonas.
Decidimos conhecer o local onde será feita a perfuração. Não existe um ponto definido na densa floresta, a área mais acessível é a Vila Santa Luzia, uma comunidade a 30 quilômetros da parte urbana de Cruzeiro do Sul. O ramal é de fácil acesso, a água escura da região lembra um pouco o petróleo. Mas as comparações param por aí, na comunidade tranquila, com todas as características rurais, as famílias nem imaginam que embaixo de seus pés pode haver gás e petróleo.
O Davi dos Santos, que tem uma roça próximo de casa, disse que ouviu falar, do “tal” petróleo, mas não sabe de nada. Apenas espera que se a prospecção traga algum tipo de renda para os produtores da região.
As famílias ficaram sabendo das pesquisas porque viram homens diferentes na localidade, mas que o local pode receber exploradores de riqueza é outa estória, disse a produtora rural Maria Goergete. Próximo ao fogão de lenha, onde está preparando o almoço dos filhos, ela conta que existe muita pobreza e que só a juventude precisa de emprego.
A exploração dos poços pode mudar a economia do Acre, disse o secretário de indústria Edvaldo Magalhães, um dos incentivadores do projeto. Desde a década de 60, pesquisas apontam que existe petróleo e gás em todo o Juruá, seria um braço dos poços de perfuração que estão no Peru. Nos últimos três anos, a Agência Nacional de Petróleo, a ANP, gastou mais de R$ 100 milhões com pesquisas na região, e tudo indica que existe gás natural suficiente para mudar a economia local.
Segundo dados sismicos, a bacia do Acre tem 11 mil quilômetros de áreas próprias para a exploração do gás ou petróleo. A ANP perfurou e marcou 11 poços. O estudo ainda não foi integral, é preciso uma nova pesquisa em cada poço para saber o grau de produção. No ano passado o governo federal fez o leilão e um dos poços arrematado pela Petrobras, que tem o prazo de cinco anos para fazer a exploração.