Vereadores de Rio Branco se manifestaram nesta quarta-feira (21), contra a mudança de endereço do Centro Pop — espaço voltado para o atendimento de pessoas em situação de rua — para o bairro Castelo Branco. A pauta, que tem gerado polêmica entre moradores da região e lideranças comunitárias da Baixada da Sobral, dominou os debates no plenário.
Durante entrevista ao colunista do site Agazeta.net, Vagno Di Paula, os parlamentares destacaram a necessidade de ampliar o debate com a população e alertaram que a mudança, da forma como está sendo conduzida, pode transferir o problema social sem oferecer soluções reais.
“É preciso acolhimento, não apenas mudança de endereço”
O vereador Moacir Júnior (Solidariedade) foi um dos que reforçaram a necessidade de debater com mais profundidade o impacto da mudança:
“Recebemos moradores e presidentes de bairro da região onde o novo Centro Pop será instalado. O que eles querem é entender o projeto. Não sou a favor dessa mudança. Não podemos simplesmente pegar o problema e empurrar para outras pessoas. O local importa, sim. É saúde pública, e precisa ser tratado com seriedade”, afirmou.
Na mesma linha, o vereador Zé Lopes (Republicanos) se posicionou contra a transferência do serviço para o bairro Castelo Branco: “A Baixada já enfrenta inúmeros problemas. Apenas transferir o Centro Pop de um ponto da cidade para outro não resolve. Propus à Secretaria de Assistência Social a criação de três unidades móveis do Centro Pop, que vão até os locais onde estão os moradores de rua. É isso que precisamos: uma solução prática e humanizada.”
“Não é só tirar de um canto e jogar para outro”
A vereadora Lucilene (PP) também demonstrou preocupação com o impacto da proposta nas comunidades e no próprio serviço prestado:
“Essas pessoas precisam de cuidado. Jogar o problema para outro lugar só transfere o impacto. A gente precisa acolher, tratar e dar condições para que essas pessoas possam até retornar às suas famílias. O lugar tem que ser pensado para isso, não apenas para se livrar de uma responsabilidade.”
Já o vereador Antônio Moraes defendeu que o novo local deve priorizar a recuperação e não apenas o afastamento do centro da cidade:
“Tirar o problema e colocar nas costas de outra comunidade não resolve. Tem que ser um espaço voltado à recuperação. De 100 pessoas que fazem o tratamento, 10 já saem socializadas. É um avanço, e é nisso que temos que focar.”
O vereador Nenem Almeida, que destacou a importância de cuidar das pessoas em situação de vulnerabilidade: “Elas precisam de cuidado. Imagina uma pessoa que depende de crack ou outras drogas? Elas precisam de ajuda, de atenção.”
População quer respostas
A mudança do Centro Pop continua gerando descontentamento entre moradores da Baixada da Sobral, que pedem mais transparência por parte da Prefeitura. Para os vereadores, a decisão precisa ser construída com diálogo, ouvindo as comunidades afetadas e buscando alternativas que priorizem a dignidade humana.