CARNE
Não tem jeito. Todo período que antecede o verão aqui no Acre é retomado o dramalhão entre Governo do Estado e pecuaristas. A novela “pauta da carne” é sempre um capítulo que nunca se resolve. Entra governo e sai governo, as promessas de “baixar a pauta da carne” são renovadas, mas não se chega a um desfecho.
EXPLICANDO
Para quem não tem nenhuma intimidade, a coluna tenta cometer uma explicação genérica: os pecuaristas do Acre pressionam o Governo do Estado para que cobre menos impostos (ICMS) quando eles levam o gado daqui para ser abatido nos frigoríficos de Rondônia que, na média, pagam mais. A Sefaz do Acre, claro, não quer perder receita da mais consolidada cadeia produtiva local. Esse cabo de guerra nunca termina. Sintetizando, é isso.
ASSISTINDO
E os representantes de frigorífico, nesse contexto, ficam assistindo, torcendo para o que dificilmente acontecerá: a saída do Governo da intermediação. A posição mais cômoda nesse problema da comercialização da carne com Rondônia e Sul do Amazonas é a dos frigoríficos e abatedouros do Acre. Dos 16 que o governo tem cadastrados, três estão sifados, mas apenas dois operam. O terceiro fica como uma reserva estratégica para regulação de preço: é mantido inoperante por boas centenas de milhares de reais ao mês.
DECRETO
A Sefaz já fez um estudo tributário que avalia o impacto da redução da pauta da carne na comercialização com Rondônia e Sul do Amazonas. Portanto, o instrumento técnico já está na mesa da secretária de Estado de Fazenda. Agora tudo depende de uma decisão política. Essa decisão política, segundo uma fonte palaciana, já foi tomada: Gladson vai reduzir. Um decreto irá ser assinado durante a Expoacre formalizando a decisão.
MATEMÁTICA
O que os pecuaristas querem saber, efetivamente, é: “tudo bem, a decisão política já foi tomada: o governador irá baixar a pauta da carne. Mas, para quanto? Se não houver uma redução a contento, a decisão política não terá o efeito desejado”. Após a decisão política, é uma questão de natureza técnica e matemática.
5 mil
Essa questão da “pauta da carne” é uma novela difícil de entender o porquê de o Governo não ceder. Dos aproximadamente 23 mil produtores de carne que o Acre tem, os que efetivamente se interessam por essa comercialização com Rondônia e Sul do Amazonas é uma patota. Um seleto grupo que compõe os 4% dos produtores que possuem mais de 500 cabeças de gado nos pastos. Sim… porque quando se fala em “pecuária do Acre” é preciso dizer que 76% dos pecuaristas têm até 100 cabeças de gado. O estudo contestado pela Faeac mostra que, em média, são comercializadas anualmente cerca de 5 mil cabeças de gado para RO e AM. Apenas 5 mil cabeças justificam tanto grita?
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