Em entrevista concedida nesta segunda-feira (18), o vereador eleito André Kamai comentou sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) contra a jornada de trabalho 6×1, apresentada pela deputada Érica Hilton (PSOL-SP), destacando sua relevância para a dinâmica econômica e social do país. A PEC, que propõe a redução da jornada de trabalho, foi descrita por Kamai como uma medida necessária para adequar a economia às necessidades dos trabalhadores e não o contrário.
“O debate é sobre a relação entre o trabalhador e a produção no Brasil”, afirmou Kamai, ressaltando o impacto de reformas como a tributária, trabalhista e previdenciária sobre a classe trabalhadora. Para ele, a proposta representa um avanço na construção de uma economia que priorize a qualidade de vida. “A economia deve existir e ser organizada para as pessoas, e não as pessoas para a economia”, pontuou.
O vereador eleito comparou as resistências enfrentadas pela PEC 5×2 a outras mudanças históricas de grande impacto social, como o fim da escravidão, a criação do 13º salário e a aprovação da PEC das Domésticas. Ele também destacou a influência do avanço tecnológico, que transformou o mercado de trabalho, levando à adaptação dos setores produtivos.
Segundo Kamai, a proposta do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que sugere uma redução gradual da jornada para 36 horas semanais ao longo de 5 a 10 anos, oferece um caminho viável. “O mercado de trabalho vai se adaptar, mas precisamos de uma transição bem planejada para minimizar os impactos,” defendeu.
Kamai também chamou atenção para a rotina exaustiva dos trabalhadores que dependem do transporte público, destacando a desigualdade no acesso ao tempo de qualidade. “Enquanto alguns chegam ao trabalho em minutos, outros gastam horas entre deslocamentos e jornadas longas, tendo pouco tempo para descansar e estar com a família.”
Questionado sobre a adesão inicial dos deputados acreanos à PEC, Kamai atribuiu o movimento à pressão popular. “Houve mobilização nas redes sociais e nas ruas. Essa é uma pauta que mexe diretamente com a vida das pessoas, especialmente das mulheres, que ainda acumulam dupla jornada: trabalho remunerado e tarefas domésticas.”
Ele enfatizou a disparidade de gênero no mercado de trabalho, mencionando que muitas mulheres enfrentam condições ainda mais desafiadoras, com salários mais baixos e menos tempo para a família. “Essa mudança é urgente para que a economia brasileira não continue a se sustentar às custas do sacrifício quase desumano das pessoas.”
Ao concluir, Kamai destacou que a PEC contra a escala 6×1 representa um passo importante no caminho para uma economia mais justa. Para ele, o debate deve ser contínuo, com foco em garantir que a qualidade de vida dos trabalhadores seja central na organização da economia nacional.
“A economia não pode ser um fim em si mesma. Ela deve servir às pessoas, promover justiça e assegurar dignidade. Esse é o nosso desafio como sociedade”, finalizou.