No feriado de 1º de Maio, Dia do Trabalhador, o governo do Estado optou por celebrar a data com uma grande festa, que incluiu até a apresentação de uma banda de fora do Acre. Já os sindicatos, por outro lado, escolheram a reflexão em vez da comemoração. Representantes de diversas categorias se reuniram nesta quinta-feira (1), na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac), em Rio Branco, para discutir os desafios enfrentados pela classe trabalhadora e propor estratégias de mobilização ao longo do ano.
O principal objetivo do encontro foi a criação de um comitê permanente entre sindicatos. A proposta é manter o debate ativo sobre pautas que impactam diretamente a vida do trabalhador, como a reforma trabalhista, considerada pelos participantes como um dos maiores retrocessos já enfrentados pela classe.
“O debate é essencial para a organização dos trabalhadores e das trabalhadoras frente aos problemas que enfrentamos no dia a dia. Não atrapalha fazer festa, mas precisamos de espaço para refletir sobre o que estamos perdendo”, disse uma das lideranças presentes no encontro.
Sob o lema “Vida além do trabalho”, o comitê quer fomentar discussões sobre melhorias em áreas fundamentais, como saúde, educação e segurança, e também levantar a bandeira da mudança na jornada de trabalho 6×1 — na qual o trabalhador atua por seis dias consecutivos e descansa apenas um. Segundo os sindicalistas, esse modelo precisa ser urgentemente revisto para garantir mais qualidade de vida.
Outro ponto levantado foi a perda de espaço das entidades sindicais nos últimos anos. Com as mudanças na legislação trabalhista e o fortalecimento de discursos que romantizam o empreendedorismo e a ausência de direitos, muitos trabalhadores deixaram de ver os sindicatos como aliados na luta por melhores condições.
“O discurso que viraliza na internet é o do trabalhador sem direito, do empreendedor que se vira sozinho. Mas isso só serve para precarizar ainda mais. A gente conquistou as 48 horas em 1943, caiu para 44 horas em 1988, e hoje vivemos um cenário de desregulamentação. Isso acontece porque, infelizmente, muitos trabalhadores compraram o discurso do patrão de que liberdade é poder vender sua força de trabalho da forma que quiser”, criticou outro participante do encontro.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta