O juiz Romário Divino, da Vara Criminal de Senador Guiomard, acolheu a denúncia do Ministério Público e transformou em réus os sargentos da Polícia Militar Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Vilas Boas. A decisão inclui a determinação de prisão imediata dos dois PMs, que já haviam sido detidos dias após a morte da enfermeira Géssica Melo de Oliveira, atingida por disparos de fuzil durante uma perseguição na BR-317.
Mediante a intimação do juiz, os PMs se entregaram após revogação da prisão domiciliar na sexta-feira (28) e estão presos no Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) desde sábado (29), em Rio branco. Os sargentos responderão por homicídio doloso, caracterizado pela intenção de matar, e por fraude processual. As investigações revelaram que os acusados colocaram uma pistola 9mm próxima ao carro da vítima, alegando que ela teria disparado contra as viaturas.
Contudo, a perícia da Polícia Civil identificou que a arma não possuía o DNA de Géssica e que a pistola havia sido apreendida em 2016, deveria ter sido devolvida ao Exército Brasileiro, mas estava sob a posse de um sargento da PM. Em 2020, a arma estava no fórum de Senador Guiomard, de onde foi furtada. Agora, quatro anos depois, surge novamente com um militar que tinha a obrigação de devolvê-la à justiça.
A Secretaria de Segurança foi procurada para comentar o caso, mas não respondeu o pedido. A defesa da família de Géssica espera agora pela condenação dos sargentos.
“A família da enfermeira Géssica vem a público dizer que sente que a justiça está sendo feita ao receber a notícia da prisão dos dois sargentos que a mataram no ano passado. O carro dela foi alvejado com mais de 13 disparos realizados por policiais militares. Dois sargentos haviam sido presos e liberados sob a justificativa de cuidar dos filhos menores. Mas a enfermeira Géssica deixou três crianças, todas menores de 10 anos de idade”, declarou Wallyson Regis, advogado da família.
Ao acolher a denúncia, o juiz estipulou um prazo de 10 dias para que a defesa dos militares apresente uma defesa prévia. A família de Géssica ainda espera que a Corregedoria da Polícia Militar abra um procedimento de investigação. Até o momento, a corporação e a Secretaria de Segurança têm se mantido em silêncio sobre o caso.
Matéria em video produzida pelo reporter Adailson Oliveira para a TV Gazeta.