Entender sobre o assunto ajuda usuário a se proteger
O site Agazeta.net conversou com o bacharel em Sistemas de Informação e Especialista em Computação Forense, professor de Informática no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac), Gustavo Cardial, para entender o que são dados no meio digital.
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) foi aprovada em agosto de 2018 e entrou em vigência em agosto deste ano. O que muda a partir de agora, de forma bem resumida, é um olhar mais detalhado e cuidadoso para a coleta, gestão, armazenamento e qualquer tipo de tratamento e operação realizada com os dados.
“Podemos encarar os dados como quaisquer informações que possam ser coletadas através da observação”, explica Cardial. “Num sentido digital, são todas as informações que os computadores podem armazenar. Não apenas arquivos, fotos, vídeos e mensagens – dados que, em geral, sabemos que estão nos dispositivos eletrônicos -, mas também aqueles dados que nem sempre temos consciência que foram gerados e gravados”.
Os termos que digitamos em um campo de buscas na web, a data e hora em que abrimos cada um dos nossos aplicativos, ou mesmo as coordenadas GPS por onde passamos também são dados.
Merecem destaque também os chamados dados pessoais – aqueles que se referem a pessoas identificáveis -, e que podem ainda ser sensíveis, quando se referem à genética, biometria, raça, saúde, vida sexual, opinião política entre outros aspectos de uma pessoa, cuja proteção é considerada importante.
“Os dados são a moeda da sociedade moderna. Um número cada vez maior de pessoas já sabe, por exemplo, que redes sociais como o Facebook, e serviços digitais como o Google e o Gmail, não são realmente gratuitos. Nós pagamos pela utilização deles com os nossos dados. Empresas coletam, armazenam e analisam esses dados com o objetivo de gerar valor das mais diversas maneiras”, destaca o professor.
Segundo relatório da empresa Axur, referente ao cibercrime na internet brasileira no segundo trimestre de 2020, mais de quinhentos mil números de cartões de crédito e débito (e dados complementares) puderam ser encontrados, neste ano, expostos na internet – provavelmente através de vazamentos de lojas e sistemas virtuais, além de golpes que visam roubar este tipo de informação do usuário final.
“Quando você informa o seu CPF em uma farmácia, ela atrela os medicamentos que você buscou e comprou à sua pessoa. Esses dados poderiam, então, ser vendidos para um plano de saúde – que conhecerá as prováveis doenças de futuros clientes em potencial, podendo ajustar o valor de seu serviço de acordo. E este é só um pequeno exemplo”, afirma Cardial.
Assim, a LGPD tem por objetivo responsabilizar empresas e governos que coletem dados pessoais. “Não apenas sanções são previstas para quando os dados não são tratados de forma responsável, como também são colocados limites e mais transparência no que se refere ao processo de coleta de dados. Para coletar seu CPF e atrelar aos medicamentos que você comprou, por exemplo, a farmácia precisará não apenas do seu consentimento, como também informá-lo sobre quais usos farão desses dados”, conclui.