A tradicional quadrilha junina Malucos na Roça acaba de anunciar o tema para este ano: O Boato. A proposta, que promete resgatar a história e a cultura dos ribeirinhos do Rio Acre, foi revelada em entrevista à TV Gazeta, com Danilo Guimarães, marcador e dramaturgo, e Regina Maciel, dramaturgista e historiadora, integrantes do grupo.
A temática O Boato vai além de uma simples narrativa sobre ribeirinhos. Segundo Danilo Guimarães, o boato é uma metáfora para discutir questões mais amplas, como a relação das comunidades com o rio, a poluição e o impacto ambiental. A apresentação da quadrilha visa abordar essas questões de forma crítica, mas ainda sim, misturar dança, música e teatro.
“Não é só uma história de pescador. É sobre a vida dessas pessoas, suas lutas e a dependência do rio para o sustento e a sobrevivência”, explica Guimarães.
Maciel, que também é ribeirinha, enfatizou a importância de falar sobre essa realidade. Ela ainda destacou que a apresentação vai além do entretenimento, e buscar trazer uma mensagem de conscientização sobre a preservação do rio e o respeito às comunidades que dependem dele.
“Nós vivemos isso na pele todos os anos. Passamos por alagações, somos obrigados a sair de casa. Então, mais do que qualquer outra quadrilha, temos autoridade para contar essa história”, disse.
A quadrilha também tem investido nas redes sociais para divulgar spoilers e vídeos das preparações. O grupo, que é um dos mais assistidos do Acre, tem conquistado espaço não apenas no estado, mas também em outras regiões do país.
“Já temos alguns materiais bem legais no Instagram e no YouTube. Basta procurar por Malucos na Roça que o público vai encontrar nossas apresentações”, comenta.
Atualmente, o Acre conta com cerca de nove quadrilhas juninas, incluindo grupos do interior. A Malucos na Roça se destaca não apenas pelo número de integrantes – que varia entre 60 e 120 dançantes –, mas também pela qualidade das apresentações e pelo engajamento com temas relevantes para a comunidade local.
Eles explicaram que a escolha de um tema é fundamental para o desenvolvimento do trabalho anual da quadrilha. Guimarães ainda ressaltou que, apesar da modernização, a essência da tradição não se perde, especialmente nas quadrilhas acreanas, que possuem características únicas em relação a outros estados.
“Trazer um tema é importante porque, além de contar a história de um povo, você consegue estruturar todo o projeto, desde o figurino até o repertório musical, tudo baseado na época e na história que está sendo representada”, destaca
Já Regina Maciel complementou e falou sobre a estética diferenciada da Malucos na Roça, que é conhecida por trazer uma abordagem mais estilizada às apresentações. Ela citou como exemplo o sucesso da apresentação do Cacimbão da Capoeira, que emocionou o público ao resgatar memórias locais.
“Nós gostamos do estilizado porque percebemos que o público se identifica. As pessoas se sentem parte da história, vivenciam aquilo”, afirma.
Estagiário supervisionado por Gisele Almeida