Em meio às cobranças por melhorias no transporte público de Rio Branco, o superintendente da RBTrans, Clendes Vilas Boas, compareceu nesta terça-feira (13) à Câmara Municipal para prestar esclarecimentos sobre a situação do sistema e os avanços no processo de licitação que deve definir a nova empresa responsável pelo serviço. A concorrência está atualmente na sexta fase e é considerada, segundo ele, um passo essencial para reestruturar o setor na capital acreana.
Durante a fala aos vereadores e representantes de associações de bairros presentes na sessão, Clendes fez um resgate histórico da crise que afetou o transporte coletivo da cidade e detalhou as medidas emergenciais adotadas pela gestão municipal a partir de 2021, após o colapso do sistema. Segundo o superintendente, as antigas concessionárias abandonaram as linhas, deixando trabalhadores sem salários e o serviço completamente paralisado.
“Essas empresas abandonaram as linhas e a Prefeitura teve que tomar ações imediatas. Foi preciso decretar intervenção nas garagens para manter os ônibus em circulação. Os motoristas já estavam há quase um ano sem receber salários e muitos não tinham sequer as diárias pagas. O colapso foi total”, afirmou.
No entanto, Clendes reconheceu que a atuação da empresa ainda não atende plenamente às expectativas da população. “Eles alegam que não podem investir na renovação da frota sem saber se vão vencer a nova licitação. Mesmo assim, conseguimos sair de um cenário de apenas 16 mil passageiros por dia para cerca de 50 mil atualmente”, explicou.
A licitação pública de número 14/2023, que deve definir a empresa responsável pelo novo contrato, foi construída ao longo de 2023 e depende, segundo o superintendente, de ajustes legais. Três projetos de lei foram elaborados para atualizar a legislação e viabilizar o processo licitatório. As propostas estão sob análise da Secretaria de Atos Oficiais e Jurídicos e aguardam votação na Câmara Municipal.
Outro avanço destacado por Clendes foi a aprovação federal para aquisição de 51 ônibus, sendo seis elétricos e 45 com tecnologia mais moderna e menos poluente. “Desse total, 15 serão articulados e 30 convencionais. A chegada dessa frota será um reforço importante para a mobilidade urbana da cidade”, disse.
O superintendente também falou sobre o passivo deixado pelas antigas concessionárias, que teria gerado cerca de R$ 90 milhões em prejuízos aos cofres públicos, com dívidas tributárias, descumprimentos contratuais e ações trabalhistas. Segundo ele, mais de 680 trabalhadores ficaram sem receber seus direitos após anos de serviço, e parte da antiga frota chegou a ser vendida como sucata.
Para Clendes, a situação do transporte em Rio Branco ainda exige soluções estruturais, mas houve avanços consideráveis desde o colapso do sistema. “É sabido que hoje não temos um sistema de transporte exatamente como gostaríamos. No entanto, existe uma melhora significativa em comparação com o que tínhamos ontem — isso não resta a menor dúvida. E, se alguém tiver sugestões ou alternativas, estamos abertos para ouvir”, concluiu.