O Acre aparece na penúltima posição entre os 27 estados brasileiros no ranking de recuperação de áreas degradadas, divulgado na última quinta-feira, 24, pelo Centro de Liderança Pública (CLP). O levantamento, que utiliza dados do MapBiomas e do IBGE, integra o pilar de sustentabilidade ambiental do Ranking de Competitividade dos Estados.
Segundo o estudo, o Acre conseguiu recuperar apenas 2,02% de suas áreas degradadas, ficando à frente apenas de um estado no cenário nacional. O dado chama ainda mais atenção por envolver dois estados da Região Norte, historicamente reconhecidos pela preservação da floresta amazônica. As áreas mais convertidas foram aquelas de uso antrópico, como agropecuária e expansão urbana, para formações naturais como florestas e vegetações nativas.
Para o biólogo e professor de Ecologia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Fernando Schmidt, diversos fatores explicam o desempenho ruim. Segundo ele, a recuperação de áreas degradadas é um processo custoso e complexo.
“Vale muito mais a pena conservar do que ter que recuperar, porque os custos envolvidos são extremamente altos. Hoje, para recuperar um hectare de área degradada, o gasto com a implementação gira em torno de R$ 25 mil a R$ 30 mil”, afirma.
Schmidt também destaca o impacto ambiental desse cenário. A baixa taxa de recuperação compromete a biodiversidade, prejudica os recursos hídricos e aumenta a vulnerabilidade do estado diante das mudanças climáticas.
“A floresta em pé tem uma contribuição ecológica muito grande. Uma única árvore com copa de 20 metros de largura pode liberar até 1.100 litros de água por dia na atmosfera. Quando substituímos a floresta por pastagens, estamos causando uma grande agressão ao ciclo global da água”, explica o especialista.
Diante do quadro preocupante, o biólogo reforça a importância de ações concretas para mudar a realidade. Para ele, é essencial criar mecanismos que valorizem economicamente a conservação.
“É necessário, de forma urgente e efetiva, implementar o pagamento pela conservação da floresta em pé. A floresta deve ser vista como uma poupança ambiental. Num momento de necessidade, ela pode trazer benefícios econômicos, sem a necessidade de desmatamento”, defende.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta