Diante do período mais crítico de chuvas no estado, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), realizou na tarde de quarta-feira (19) uma reunião técnica no Museu dos Povos Acreanos para discutir estratégias de enfrentamento às cheias. O evento reuniu especialistas, meteorologistas e gestores públicos para analisar as condições climáticas e hidrológicas e definir medidas para mitigar os impactos das enchentes, especialmente na capital Rio Branco.
O secretário de Meio Ambiente, Leonardo Carvalho, destacou a importância da cooperação entre os órgãos estaduais e municipais para antecipar possíveis cenários. “A reunião técnica é um esforço dos diversos órgãos do Estado, como a Sema, a Defesa Civil Estadual, o Corpo de Bombeiros e outros atores que atuam para que possamos nos antecipar ao período de cheias. Contamos com a participação de especialistas e meteorologistas do CENSIPAM, que acompanham os prognósticos de chuvas, para entendermos o que está previsto para os próximos três meses”, afirmou Carvalho.
Durante o encontro, o Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Sigma), da SEMA, apresentou uma análise sobre a situação hidrológica do estado. O meteorologista Luiz Alves dos Santos Neto, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), participou virtualmente e apontou que o primeiro quadrimestre de 2025 pode registrar até 200 milímetros de chuvas nas regiões do Purus e do Juruá.
O pesquisador Guilherme Jordão Cardoso, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), fez uma análise detalhada dos riscos para a bacia amazônica, com foco no Acre. Segundo a Defesa Civil Estadual, no momento, as maiores preocupações estão voltadas para a capital, já que o Riozinho do Rola, devido às fortes chuvas recentes, tem impactado diretamente o nível do Rio Acre em Rio Branco.
O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Batista, explicou que, apesar da recente elevação do nível do Rio Acre na capital, o cenário é de estabilização.
“Hoje, os rios do nosso estado estão todos bem abaixo da cota de alerta. O que nos preocupava era o Rio Acre em Rio Branco, que se aproximou dos 12 metros, mas já começou a dar sinais de vazante. O que estava segurando a cheia aqui na capital era o Riozinho do Rola, que recebeu muita chuva nos últimos dias. No entanto, ele também já apresenta sinais de redução do volume de água. A tendência para os próximos dias é de vazante, mas estamos atentos, pois a maioria das inundações ocorre entre o final de fevereiro e a primeira quinzena de abril. Nosso trabalho é continuar monitorando e preparar o sistema estadual e municipal de Defesa Civil”, afirmou Batista.
Prevenção e preparação para possíveis transbordamentos
O coordenador da Defesa Civil Municipal de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, reforçou que as previsões indicam um trimestre com chuvas acima da média, o que pode impactar o nível dos rios e igarapés da capital. “Já estamos nos preparando para um eventual transbordamento, tanto de rios quanto de igarapés. Para isso, realizamos simulados, mapeamos bairros vulneráveis, identificamos escolas para uso como abrigos emergenciais e estruturamos o Parque de Exposições. Além disso, temos um alinhamento contínuo com secretarias municipais, estaduais e o Corpo de Bombeiros, e informamos o poder legislativo e a prefeitura para garantir uma resposta eficaz”, explicou Falcão.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Charles Santos, destacou que o planejamento vai além da resposta emergencial imediata e envolve ações contínuas de suporte às populações afetadas. “Não se trata apenas do atendimento emergencial no momento da cheia. Em 2024, tivemos uma situação atípica, com 19 dos 22 municípios do Acre afetados. Nosso trabalho inclui deslocamento para áreas impactadas, apoio às defesas civis municipais e assistência às famílias atingidas, garantindo que recebam o suporte necessário”, pontuou o comandante.
Com a previsão de chuvas intensas nos próximos meses, as autoridades seguem acompanhando os níveis dos rios e estruturando medidas preventivas para evitar grandes danos à população acreana.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta