“Não é festa seu intendente é revolução”, declarou Plácido de Castro
Não é à toa que dizem que o estado do Acre foi o único do país que lutou para ser brasileiro. É que mesmo sendo explorada pelos seringueiros do Brasil, a região pertencia à Bolívia. Muitos conflitos surgiram quando essas terras ganharam valor e começaram a ser disputadas. Até que em 6 de agosto de 1902, teve início a revolução acreana. O historiador Marcus Vinícius tenta explicar, de forma clara, o que essa data representa para o estado.
“O 6 de agosto marca o início da última etapa da revolução acreana, teve vários momentos, primeiro a insurreição com o José Carvalho, o estado independente, a república dos poetas, tudo fracassou. E eles queriam recomeçar a luta no dia 14 de julho, mesmo do Galvez em 1889, mas 14 de julho, mas nessa data as armas não chegaram. A outra data estratégica seria 6 de agosto porque é a data de comemoração da Bolívia é a independência nacional, é o nosso 7 de setembro, então na Bolívia eles estaria fazendo festa e não estaria preocupados com um novo ataque”, explicou o historiador.
Ele lembra ainda, quais foram às exatas palavras ditas por Plácido de Castro, no momento da invasão.
“As 5h da manhã, Plácido de Castro, bate na porta da intendência boliviana ai o comandante boliviana vem atender e está meio bêbado por conta da festa e quando abre a porta dá de cara com o Plácido de Castro que diz ‘não é festa seu intendente é revolução”, relembra o historiador.
Vários conflitos ocorreram. Outros municípios também fazem parte, de forma direta, dessa história. Aqui na capital, o Parque Capitão Ciríaco não foi palco de nenhuma batalha, mas tem forte ligação com os conflitos. É que o local que hoje é o único seringal urbano do mundo, naquela época pertencia a um dos integrantes que promoveram a revolução acreana: o capitão Ciríaco Joaquim de Oliveira.
Somente em agosto de 1994, a área foi transformada em parque. Com um espaço total 4,6 hectares, possui ainda muitas seringueiras, árvores frutíferas e é rico em vegetação nativa amazônica.
“Estamos tentando deixar o parque um pouco como era antes, tentar deixar um pouco da cultura, da igrejinha do defumador, da casa do seringueiro e fazer cultura dentro do parque, porque ele é para todos visitar, andar e fazer esportes”, contou Washington Guerra, coordenador do Parque Capitão Ciríaco.
No parque um simples passeio com a família ou com os amigos pode acabar se transformando em uma verdadeira área de história, pois há uma sala de memórias onde o visitante tem a oportunidade de visualizar uma série fotografias da época, inclusive do próprio capitão Ciríaco e família.
Mas as memórias, homenagens e lembranças também ficam espalhadas pela cidade. O professor de História, Daniel Klein entende que, além dos fatos marcantes e dos nomes significativos que já se tornaram referência, muitos anônimos, que também estão envolvidos na revolução, mereciam igualmente ser lembrados.
“Os monumentos comemorativos sobre o 6 de agosto e o período chamado revolucionário eles tem nomes sobrenomes e demarcam figuras reconhecidas como personagens significativos. Nós temos um monumento que homenageia os soldados da chamada revolução acreana que são anonimamente descritos em um momento amorfo e não há nomeação desses soldados e essas leituras é feita propositalmente para se esquecer desses nomes”, disse o professor Klein.
Escrito por: Débora Ribeiro.
Fotos: TV Gazeta.