Turistas chegam aos países vizinhos sem passar pela cidade
Construída para melhorar a economia dos municípios do Acre, a Estrada do Pacífico (BR-317) deixou Assis Brasil no isolamento.
Com pouco mais de 8 mil habitantes, o município é a base da tríplice fronteira: Brasil, Peru e Bolívia. Acontece que a construção da rodovia não beneficiou a cidade, que é uma das mais pobres do Estado.
Quando a rodovia foi pavimentada e a ponte da integração construída, a ligação da fronteira Brasil/Peru, ficou distante de Assis Brasil. Quando chega na alfândega a estrada se divide. Uma segue para Iñapari do lado peruano e outra para Assis Brasil. Os turistas, claro, seguem direto, sem passar pela cidade brasileira.
Hotéis e restaurantes em Assis Brasil vendem pouquíssimo. Em compensação a pequena cidade de Iñapari, cuja estrada do pacífico passa ao lado, tem um comércio bem mais forte. A prova é o grande movimento de motonetas cobertas, que são os táxis peruanos num vai e vem frenético na fronteira.
O prefeito de Assis Brasil, Doutor Betinho, está buscando recursos para acabar com esse isolamento. Ele quer fazer um desvio na rodovia dois quilômetros antes de chegar a alfândega. Uma rotatória seria construída nesse local. Os veículos de passeio seriam obrigados a subir por uma estrada e chegar na parte mais alta do vale onde tem uma linda paisagem. Depois descer por outra estrada, que já está sendo aberta. Assim os turistas passariam no meio da cidade.
O projeto é audacioso. As ruas serão melhoradas para dar conforto a quem chega.
Há quatro anos o estado construiu uma pousada ecológica. Ela foi abandonada e está destruída, sem nunca ter recebido um hóspede. O desvio que será construído, passará na frente da pousada que será revitalizada.
O prefeito já tem o dinheiro para a construção de uma rodoviária para receber os turistas. A pequena e antiga rodoviária construída há seis anos nunca foi usada.
Betinho mostrou uma antena de internet, cujo projeto é deixar toda a cidade com capacidade de receber o sinal, que se estenderia até a área rural, isso sem a população pagar nada.
Fim da inadimplência
Para montar esses projetos e buscar os recursos, o prefeito teve que, primeiro, acertar as contas com os ministérios em Brasileia. Assis Brasil estava inadimplente com todos os ministérios, faltavam prestações de contas e as dívidas atrasadas chegavam a R$ 100 milhões.
A prefeitura espera receber este ano R$ 8 milhões em emendas individuais dos parlamentares. Elas, serão, na verdade, o único recurso para investir em saúde, educação, coleta de lixo, nos ramais e infraestrutura da cidade. Parte desse dinheiro já está empenhada, mas a principal meta é acabar com o isolamento de Assis Brasil, inclusive já houve até um pedido de ajuda ao governo do Estado.