Há mais de 20 dias, famílias desabrigadas permanecem acampadas no hall de entrada da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), buscando soluções do poder público. A situação, que ganhou maior visibilidade após a reintegração de posse de uma área ocupada, levou o Ministério Público do Acre (MPAC) a exigir respostas em 24 horas sobre as condições dessas pessoas, incluindo se recebem algum tipo de auxílio.
O diretor da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos de Rio Branco (SASDH), Ivan Rulf, explicou que o município acompanha a situação desde 2023, quando começou o processo de desocupação. Segundo ele, a secretaria identificou 14 famílias no primeiro levantamento, mas, recentemente, o número saltou para 38. “Precisamos cruzar os dados para verificar quem realmente estava na área desocupada e quem está na Aleac. Estamos finalizando os relatórios para definir as medidas que serão tomadas”, afirmou.
Rulf destacou que, durante a reintegração de posse deste ano, foi disponibilizado suporte logístico, como caminhões para mudança, garantindo que, na ocasião, ninguém ficasse desamparado. No entanto, ele lamenta a nova situação: “Fomos surpreendidos ao ver algumas famílias se instalarem na Aleac.”
Entre os acampados, Paulo Roge relata as dificuldades enfrentadas. Segundo ele, apenas água e banheiros em horários limitados estão sendo disponibilizados, enquanto a falta de alimentos é uma preocupação constante. “Estamos nos sustentando com o que podemos, mas isso está pesando. As crianças e mulheres sofrem mais, e precisamos de ajuda urgente.”
Gabriela Rocha, outra desabrigada, criticou o descaso do poder público, mencionando as perdas que sofreu durante a desocupação. “Perdi móveis, madeiras e tudo que tinha. Vendemos o que sobrou para nos manter, mas o dinheiro está acabando. Não queremos passar o Natal e o Ano Novo aqui, sem apoio ou dignidade.”
Enquanto as famílias aguardam soluções, o contraste com investimentos públicos em ornamentações natalinas, como as casas do Papai Noel em frente ao Palácio Rio Branco, gerou indignação entre os desabrigados. “O governo constrói casas de Natal, mas ignora quem precisa de uma casa de verdade”, desabafa Gabriela.
Matéria produzida pelo repórter Marilson Maia para a TV Gazeta.